
Para celebrar o Dia Mundial da Água e destacar a importância da preservação e do acesso universal a esse recurso, foi realizada, no sábado (22), a 2ª Romaria das Águas em Manaus (AM). A atividade reuniu diversas organizações, ativistas, comunidades ribeirinhas, indígenas engajados(as) na luta por políticas públicas que garantam a gestão sustentável da água e que alertam sobre a crise hídrica e socioambiental na Amazônia.
Neste ano, a mobilização teve como tema “Nossas vozes na COP30 em defesa da ÁGUA e da VIDA na Amazônia”, com o lema “Luta por preservação e acesso para TODOS!”. O evento ocorre no contexto da preparação para a COP30, que será realizada em 2025, em Belém (PA), e reforça a reivindicação por um modelo de desenvolvimento que respeite a vida, os povos e os territórios da região.
A concentração aconteceu no Porto da Ceasa, seguida de uma romaria com cerca de 100 pessoas, distribuídas em seis barcos, até o Encontro das Águas. Durante o percurso foram realizadas diversas falas de representantes de movimentos sociais e ambientalistas. O primeiro vice-presidente da ADUA, professor Raimundo Nonato, esteve entre os(as) participantes que defenderam o acesso à água como um direito fundamental. "A construção e a consolidação da democracia requerem a participação direta dos movimentos sociais e étnicos para serem efetivas ao expor suas demandas. A conjunção desses fatores em torno da questão da água mobilizou diversos grupos, incluindo lideranças religiosas afro-brasileiras e católicas, lideranças de comunidades tradicionais e urbanas, lideranças jovens, sindicais e ambientalistas, que demarcaram sua posição política em relação à indiferença do poder público sobre a qualidade e o acesso à água como bem público. Entoando cânticos e palavras de ordem, reafirmaram a luta e alertaram a população em geral de que água não é mercadoria".

Para a professora Ivânia Vieira, membro do comitê executivo do Fórum das Águas e sindicalizada à ADUA, a atividade foi um momento de denúncia contra a mercantilização da água e a crise hídrica que atinge milhões de pessoas no mundo. “O ritual realizado, com bandeiras e faixas dos movimentos sociais progressistas, palavras de ordem, cantorias e danças, tornou-se um dos momentos mais marcantes da Romaria das Águas de 2025. Estávamos ali, vivos, cantando, dançando e reafirmando que água não é mercadoria, é vida”, afirmou Ivânia.
O coordenador do Fórum das Águas e membro do Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental (Sares), padre Sandoval Alves Rocha, destacou que milhões de pessoas ainda sofrem com a falta de acesso à água potável e ao saneamento básico. "A racionalidade econômica que caracteriza o mundo contemporâneo está levando a humanidade ao precipício, deixando a sociedade sem tempo de resposta", disse Sandoval.

Durante a atividade, também foram feitas críticas à privatização do abastecimento de água em Manaus, que resulta em tarifas elevadas e atendimento precário, especialmente nas áreas mais periféricas.
A Romaria das Águas integra um conjunto de atividades promovidas pelo Fórum das Águas, que tem se consolidado como um dos principais coletivos em defesa dos recursos hídricos da Amazônia. “Somos romeiras e romeiros em ação, carregamos sim a esperança e esta se faz nesse movimento de reunião plural, de caminhar e viajar nas águas dos rios, de conviver com nossas ancestralidades, respeitar e agir na defesa da água, que é vida”, enfatizou Ivânia.
Fotos: Ivan Santos
Fontes: ADUA, com informações do Fórum das Águas
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