Data: 01/09/2016
A criação de espaços decisórios e participativos, onde a comunidade acadêmica possa discutir o modelo de segurança que melhor atenda aos anseios de docentes, discentes e técnico-administrativos em educação é destacado pelo professor do curso de Ciências Sociais da Ufam, Davyd Spencer, como um dos principais desafios enfrentados, atualmente, pelas universidades brasileiras, no processo de enfrentamento à criminalidade no espaço universitário.
Um dos convidados do ‘Debate Sobre Segurança Pública na Ufam’, realizado na ADUA, na tarde desta quinta-feira (1), o docente chamou a atenção ainda para importância da temática como objeto de estudos e pesquisas. “As universidades têm um déficit de estudos sobre vitimização e uma carência de formulação de estratégias que deem resposta a questão da segurança”, afirmou.
Indissociáveis da sociedade, que também enfrenta em seu cotidiano os impactos de práticas criminosas como assaltos, furtos e problemas interpessoais, as universidades, afirma Spencer, não se configuram como ilhas, pois há o anseio por estratégias que preservem o caráter público e de liberdade do ambiente acadêmico, colocado em cheque pela criminalidade.
“As eleições do Diretório Central dos Estudantes (DCE) realizadas recentemente e a greve docente de 2015 são algumas das motivações deste debate. No primeiro evento, a universidade como espaço público e de liberdade foi posto em cheque. A greve foi outro momento que chamou a atenção para a urgência da discussão sobre segurança, uma vez que, como muitos sabem, não houve consenso entre os docentes e alguns colegas tinham receio de se manifestar”, afirmou.
Delitos
Durante sua palestra, Spencer traçou ainda um paralelo entre o quantitativo de delitos praticados dentro e fora das universidades, frisando que a incidência de casos no ambiente acadêmico, apesar de inferior no comparativo com os demais espaços das cidades, tem aumentado, a partir da implantação do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni).
“O aumento dos crimes dentro das universidades é dividido em dois momentos, antes e depois do Reuni e somado a isso, temos a falta de orientação e de protocolos que mostrem como proceder nos casos de violência, o que é uma grande deficiência nas universidades”, disse.
Representante da Assembleia Nacional de Estudantes Livre (Anel), o estudante do curso de Economia André Nascimento também participou do debate e fez um alerta sobre os riscos que medidas como a adotada pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), de permitir a atuação da Polícia Militar no campus, podem trazer para a autonomia universitária.
“Talvez a intervenção da Polícia Militar não seja a melhor alternativa, levando em conta o histórico de truculência junto às minorias e à população carente. Para saber como é o tratamento da PM basta irmos aos rip-rap e perguntarmos à população”, disse.
Compondo a mesa, o coordenador de segurança da Ufam, Ricardo Pedrosa, destacou a importância de se discutir o tema junto às unidades acadêmicas, fomentando assim, a criação de uma estratégia de enfrentamento à criminalidade e de fortalecimento da guarda universitária. “Atualmente contamos com poucos seguranças de carreira na ativa. A maioria já se aposentou e, há muito tempo não temos abertura de edital para o preenchimento destas vagas”, disse.
Fonte: ADUA |