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Depois de ocuparem por quase um mês um prédio da Secretaria de Educação (Seduc) em Belém (PA), indígenas de diferentes povos conseguiram revogar a Lei 10.820 que trazia sério ataques à educação escolar indígena. Mostrando ao mundo que a COP30* já começou, o movimento indígena conquistou mais uma vez com luta a aprovação por unanimidade, na quarta-feira (12), do projeto de lei que revoga a legislação, na Assembleia Legislativa do Estado (Alepa).
Iniciada no dia 14 de janeiro, a mobilização indígena incentivou a deflagração de greve de docentes estaduais. Aprovada em dezembro de 2024, sem consulta prévia, a lei anulava dispositivos do Estatuto do Magistério, do Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) dos(as) docentes e de leis anteriores relacionadas à educação pública estadual.
A legislação afetava inclusive o Sistema de Organização Modular de Ensino (Some) e o Sistema Modular de Ensino Indígena (Somei), essenciais para garantir aulas em regiões remotas e de difícil acesso, como aldeias indígenas. Segundo manifestantes, a Lei 10.820 gerava insegurança jurídica ao não mencionar explicitamente o funcionamento do Somei e ao permitir, por exemplo, a substituição do regime presencial por aulas exclusivamente virtuais para a educação escolar indígena do estado.
A repercussão da mobilização indígena e a adesão docente ao movimento forçou o governador do Pará, Helder Barbalho, a recuar, assinando no dia 05 de fevereiro um Termo de Compromisso. Agora, foi estabelecida uma comissão, formada por representantes dos povos indígenas, docentes, quilombolas e ribeirinhos, para a elaboração de uma nova legislação. Até que a nova lei seja aprovada, voltaram a vigorar as normas anteriores.
A previsão é que as(os) indígenas desocupem o prédio da Seduc até o fim da semana, a partir da articulação das lideranças indígenas e os desdobramentos do acordado com o governo do Pará. Já as(os) professoras(es), que haviam deflagrado uma greve no dia 23 de janeiro pela revogação da lei, realizaram uma assembleia no dia 10 de fevereiro e aprovaram a suspensão da paralisação, mas com aprovação de estado de greve.
*Belém ira sediar a 30ª Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP3) em novembro deste ano
Fontes: com informações da CSP-Conlutas e do ANDES-SN
Foto: Amarilis Marisa/Reprodução
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