Em 2023, pelo menos 85 mil mulheres foram assassinadas intencionalmente no mundo, conforme dados da Organização das Nações Unidas (ONU). Os números representam 140 mortes por dia, ou uma a cada 10 minutos. O relatório, que analisou dados de 107 países, foi divulgado em 25 de novembro, Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres.
O levantamento da ONU expõe que um nível alarmante de mortes poderia ter sido evitado. O fenômeno atravessa fronteiras e afeta todas as classes sociais e faixas etárias, com o Caribe, a América Central e a África como as regiões mais afetadas. “Mulheres e meninas em todo o mundo continuam a ser afetadas por essa forma extrema de violência baseada no gênero e nenhuma região está excluída”, destacou o relatório.
Nas Américas e na Europa, os feminicídios são cometidos principalmente pelo parceiro. No resto do mundo, os crimes são da autoria de outros familiares. “O lar continua sendo o lugar mais perigoso para as mulheres, 60% delas foram vítimas de seus cônjuges ou outros membros da família”, afirma o texto do relatório do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) e da ONU Mulheres.
Muitas das vítimas relataram ter sofrido violência física, sexual ou psicológica antes de morrer. “Isto sugere que muitas mortes poderiam ter sido evitadas”, afirma o estudo, por exemplo, com ordens judiciais. Apesar dos esforços em vários países, “os feminicídios permanecem em um nível alarmante, mas não são inevitáveis”, segundo a diretora da ONU Mulheres, Sima Bahous, citada em um comunicado, que pede aos países que reforcem a legislação e melhorem a coleta de dados.
Dados nacionais
A situação no país é similar. Números do 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública revelam que os feminicídios e estupros atingiram registros históricos em 2023. Foram 1.467 mulheres mortas por violência de gênero, o maior número desde 2015 quando foi criada a lei que tipifica o crime. Outra informação relevante do Anuário é que todos os tipos de violência contra as mulheres cresceram em 2023: violência doméstica (9,8%), ameaças (16,5%), perseguição e perseguição (34,5%), violência psicológica (33,8%) e estupro (6,5%).
No país, a estimativa é que quase 17 milhões de brasileiras já viveram ou vivem em situação de risco de feminicídio. Além disso, seis em cada 10 brasileiras conhecem ao menos uma mulher que já foi ameaçada de morte pelo atual ou ex-parceiro.
Os dados são da pesquisa “Medo, ameaça e risco: percepções e vivências das mulheres sobre violência doméstica e feminicídio”, divulgada também no último dia 25. O levantamento foi realizado pelo Instituto Patrícia Galvão e Consulting do Brasil, com apoio do Ministério das Mulheres.
O estudo mostrou que para nove em cada 10 entrevistadas, o feminicídio pode ser evitado caso a mulher receba proteção do Estado e da sociedade. Mas, a maioria considera que de não vale a mulher ter uma medida protetiva se o agressor não respeita a ordem nem a polícia garante a segurança da vítima. Ainda duas em cada três mulheres acham que nada acontece com homens que cometem violência doméstica. Apenas 20% das entrevistadas acreditam na prisão e punição dos agressores.
Fontes: com informações de Metrópoles, Agência Brasil, Correio Braziliense e CSP-Conlutas
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