Data: 11/06/2016
As centrais sindicais rechaçaram a declaração do presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga, na sexta-feira (8), por meio da qual sugere jornada semanal de até 80 horas. Agrava a declaração o fato de ter sido feita ao presidente interino, Michel Temer (PMDB), durante encontro com delegação da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI).
A Nota de Repúdio é assinada pela CUT, UGT, Força Sindical, CTB, Nova Central e CSB. “Tal afirmação, que faz lembrar a situação da classe operária do Século 19, surge como provocação estapafúrdia ao povo brasileiro”, diz o texto. Segundo a nota, “a proposta de 80 horas semanais vai na contramão dos estudos sobre o trabalho. O Dieese aponta que a adoção das 40 horas semanais pode gerar 2 milhões de postos de trabalho”.
Para o diretor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antonio Augusto de Queiroz, a tentativa rápida da CNI de desmentir a declaração não apaga a agressão. “A fala revela a mentalidade atrasada da classe patronal. Mais grave, ainda, vir de um empresário ligado à inovação. Que inovação é essa?”, questiona.
Queiroz enfatiza que duas recentes agressões aos trabalhadores partem de entidades ligadas a Temer: “Além da proposta absurda do presidente da CNI, de 80 horas semanais, o vice da Fiesp, Benjamim Steinbruch, já propôs horário de refeição de 15 minutos, sugerindo que o operário coma um lanche, em pé, enquanto opera a máquina”.
Já o presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, ressalta que a proposta da CNI afronta a ideia de diálogo nacional. “O sindicalismo busca soluções para o Brasil, com base numa pauta de crescimento e inclusão”, comenta. Para Patah, “a classe trabalhadora não pode mais arcar com sacrifícios, até porque já paga com 12 milhões de desempregados e perda de direitos, como no seguro-desemprego”, citou.
*Com edição da ADUA
Fonte: Agência Sindical |