A Polícia Federal (PF) concluiu o inquérito do assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, ocorrido em junho de 2022. A PF indiciou Rubén Dario da Silva Villar, conhecido como "Colômbia", como mandante do duplo homicídio. Outras oito pessoas também foram incriminadas.
"A investigação confirmou que os assassinatos foram em decorrência das atividades fiscalizatórias promovidas por Bruno Pereira na região. A vítima atuava em defesa da preservação ambiental e na garantia dos direitos indígenas", afirma trecho da nota da PF enviada à imprensa.
Segundo a PF, o mandante "Colômbia" forneceu cartuchos para a execução do crime e patrocinou as atividades da organização criminosa. O inquérito acrescenta que os demais indiciados participaram da execução dos homicídios e da ocultação dos cadáveres.
"Colômbia" está em um presídio federal desde o início de 2023, sendo também investigado por pesca ilegal e tráfico de drogas. Apesar da prisão dele, segundo a apuração de reportagem de Amazônia Real, o crime organizado cresce na região de Atalaia do Norte (AM), onde fica a Terra Indígena Vale do Javari.
Bruno era servidor licenciado da Funai e estava em atividade da Equipe de Vigilância da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), com objetivo de denunciar a atuação ilegal de pescadores, caçadores e garimpeiros.
Dom estava escrevendo um livro com o título “Como salvar a Amazônia”. Ele publicava reportagens sobre o Brasil em grandes veículos como The Guardian, Washington Post, The New York Times e Financial Times.
Os dois foram vistos pela última vez na comunidade São Rafael, no dia 5 de junho, de onde seguiram rumo à Atalaia do Norte. A viagem que duraria duas horas não foi concluída.
Em 2023, a viúva do jornalista britânico Dom Phillips, Alessandra Sampaio, em entrevista exclusiva concedida à Amazônia Real, falou sobre as investigações do duplo assassinato. “A gente acha que é só um probleminha de um pescador que matou o Dom e o Bruno, mas não é isso, é uma coisa grandiosa”.
A notícia das mortes de Bruno e Dom repercutiu mundialmente e ao longo desses últimos dois anos diversos movimentos sociais pediram justiça. Foram diversos os atos públicos e as manifestações em notas públicas.
Em 2023, em nota, a ADUA se somou ao clamor mundial: “Bruno Araújo Pereira (indigenista) e Dom Phillips (jornalista) uniram suas vidas, suas profissões, seu compromisso ético e humanitário para defender a Amazônia em seu ser social e natural. Os povos indígenas da Amazônia, notadamente os grupos isolados – e mais vulneráveis às forças do crime organizado –, sua população ribeirinha, sua megabiodiversidade, seus rios, lagos, igapós, igarapés, encontraram nas mentes e mãos de Bruno e Dom a salvaguarda ostensivamente negada pelo Estado brasileiro”, afirma trecho da nota.
Foto: Daisy Melo/ Ascom ADUA
Fontes: ADUA com informações de Amazônia Real, G1, O Globo e Agência Brasil
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