De janeiro a setembro deste ano, 23 milhões de hectares do território brasileiro foi consumido por queimadas e a Amazônia foi o bioma mais afetado. Em comparação ao mesmo período do ano passado, o aumento na área de destruição é de 150%. Os dados, divulgados no dia 11 de outubro, são do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e fazem parte do estudo “Monitor do Fogo”, iniciativa em conjunto com a MapBiommas.
Ainda de acordo com o levantamento, entre as áreas queimadas para o uso agropecuário, destacam-se as pastagens: ao todo, foram queimados 4,6 milhões de hectares, um aumento de 188% em relação ao ano passado. Não é à toa que os municípios com maior registro de queimadas foram Corumbá (MT) e São Félix do Xingu (PA), que também estão entre os maiores criadores de gado bovino do país com, respectivamente, 1,9 milhão e 2,5 milhões de animais.
São Félix do Xingu também está presente na lista dos municípios que mais perderam áreas da floresta Amazônica para o desmatamento. Em 2024, 50% de toda área queimada do município era de mata nativa.
Amazônia em chamas
Dentre os biomas brasileiros, a Amazônia foi o que mais sofreu com as queimadas. Cerca de 5,5 milhões de hectares foram queimados, destes 50% eram áreas de floresta e 30% de pastagens.
“O uso do fogo em pastagens na Amazônia está fortemente relacionado à expansão da fronteira agrícola e ao desmatamento, sendo uma prática comum para eliminar a vegetação recém-convertida em pasto, controlar pragas e renovar o solo”, explicou a pesquisadora no IPAM, Vera Arruda.
A área queimada em 2024 na Amazônia já chega a 11,3 milhões de hectares, 143% a mais do que nos nove primeiros meses de 2023. Os números também refletem a grave seca que acomete a região Norte.
Localidades
Mato Grosso, Pará e Tocantins são responsáveis por mais da metade das áreas incendiadas no país, segundo os dados do “Monitor do Fogo”. Esse primeiro estado ocupa a primeira posição com 5,5 milhões de hectares, correspondente a 25% da área de queimadas no país. Já o Pará tem 4,5 milhões de hectares afetados pelo fogo e o Tocantins 2,6 milhões de hectares.
Em relação à fumaça formada pelas queimadas, a estimativa é que cerca de 80% do território nacional é afetado pela poluição, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o que prejudica a saúde das pessoas, causando principalmente problemas como asma, bronquite, rinite, sinusite e alergias respiratórias, que podem se agravar e provocar câncer de pulmão, doenças cardíacas e cerebrais.
Garimpeiros, madeireiros e fazendeiros que criam bois são os maiores responsáveis pelas queimadas ilegais na Amazônia, uma vez que na floresta tropical e úmida, incêndios “naturais” não são comuns, mas provocados muitas vezes com o objetivo de invadir terras indígenas. Parte da região também é de propriedade privada de grandes fazendeiros ou de grandes empresas, com pastos e monocultura de soja com alto uso de agrotóxicos, que afetam comunidades e rios.
Foto: CSP-Conlutas, IPAM, MapBiommas e BBC Brasil
Foto: Amazônia Real/Takumã Kuikuro
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