A associação que reúne servidores de várias carreiras do Ministério do Meio Ambiente (Ascema Nacional) fez uma denúncia contra o presidente Jair Bolsonaro após ter ameaçado enviar funcionários da área para a “ponta de praia”, expressão usada na ditadura militar que se refere a um lugar de execução. A entidade promete também denunciar o presidente em fóruns internacionais de direitos humanos.
Para a Ascema, a declaração de Bolsonaro intensifica a pressão que os servidores públicos da área ambiental vêm sofrendo do atual governo. Em live no dia 31 de outubro, o presidente reclamou da dificuldade que um de seus apoiadores, Luciano Hang (dono da Havan), tem passado para obter uma licença ambiental em Rio Grande (RS). Em 2019, o Brasil passou por diversas catástrofes ambientais, e para o governo, não há a mínima importância.
Para Bolsonaro, os servidores atrapalham o progresso do país: “Eu tenho ascendência, porque os diretores, o presidente, têm mandato, porque se não tivessem, eu cortava a cabeça mesmo. Quem quer atrapalhar o progresso vai atrapalhar na ponta da praia, aqui não”, declarou.
Em resposta, a Ascema divulgou a seguinte nota: “O presidente da república nos obriga, com suas declarações, a rememorar o que foi aquele período obscuro do país, do qual ele e seus filhos têm tanta saudade. Ameaças às instituições como STF, à imprensa, aos servidores públicos, às populações tradicionais e à inoperância no enfrentamento de crimes ambientais não podem ser a tônica de um governo que se pretenda democrático.” A entidade declarou que vai adotar “todas as medidas cabíveis para coibir esse tipo de atitude para proteger a integridade física dos servidores e a dignidade humana”.
Fonte: Congresso em Foco com edição da ADUA-SSind
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