Data: 07/05/2016
Em assembleia realizada na tarde desta quarta-feira (4), os estudantes da Universidade Estadual do Amapá (Ueap) decidiram ocupar por tempo indeterminado o campus 1 da instituição para pressionar o governo a abrir negociação com os estudantes e também com os docentes e técnicos, em greve desde 17 de março.
De acordo com Fábio Freitas, representante do movimento estudantil na Ueap, a decisão pela ocupação se deu de forma unânime, após a única reunião que o movimento teve com a reitoria desde o início da paralisação, na quarta, não apresentar nenhum avanço. Os estudantes cobram diálogo direto com o governador do Amapá e reivindicam o repasse integral dos 2% do ICMS do estado para a universidade, conforme previsto na legislação estadual.
“Os professores decidiram pela greve no dia 14 de março e por conta do prazo legal iniciaram o movimento no dia 17. Chamamos uma assembleia estudantil e deliberamos por unanimidade apoiar a greve dos docentes e técnicos e ainda iniciar a uma paralisação por tempo indeterminado dos estudantes, cobrando o atendimento das pautas da comunidade acadêmica, uma vez que sofremos também com todas as questões relativas ao ensino, a pesquisa e a extensão, afetados pela falta de recursos, uma vez que o governo não cumpre com a legislação e não repassa os 2% do ICMS previsto para a Universidade. Então, agora o foco da nossa reivindicação é que o governo cumpra com a lei e repasse o valor integralmente para a UEAP”, contou Freitas.
Além do repasse do ICMS, Fabio destaca a pauta dos estudantes em relação ao Campus 2 da Ueap, onde ocorrem aulas, e não apresenta a mínima condição estrutural para abrigar as atividades da universidade. De acordo com o representante estudantil, o prédio, alugado há 10 anos, foi construído para alojar uma locadora de veículos e não tem a mínima infraestrutura. Feitas conta que os cursos de licenciatura, que ocorrem no local, são os mais afetados. “Por exemplo, o curso de música, que já está no 3º semestre, não tem nenhum instrumento musical para os estudantes, além de não ter sala própria”, aponta.
Greve dos docentes
Os docentes e técnicos, em greve há mais de 40 dias, também não conseguiram resposta à pauta de reivindicações. Segundo Daimio Brito, diretor geral do Sindicato dos Docentes da Ueap (Sindueap - Seção Sindical do ANDES-SN), as categorias apoiam a ocupação dos estudantes e na quarta-feira participaram de ato em frente à Ueap, que fechou as ruas com pneus para chamar a atenção da população e do governo para os problemas da instituição.
“Continuamos em greve e vamos intensificar a luta, diante de tantos problemas que o serviço público como um todo vem enfrentando, principalmente após o anúncio do parcelamento dos salários dos servidores”, conta. De acordo com o docente, as 35 categorias do estado estão mobilizadas pelo pagamento integral dos salários e em luta contra a retirada de uma série de direitos constitucionais.
Ainda segundo o diretor do Sindueap SSind., as diferentes categorias do serviço público estavam se organizando para a construção de uma paralisação geral dos servidores, no entanto o governo conseguiu uma liminar proibindo as categorias de realizarem greve por um período de 120 dias. A comunidade acadêmica da UEAP, que já estava em greve no momento da decisão, não foi atingida pela liminar, porém a ação inviabilizou a greve geral. Entidades sindicais já acionaram o judiciário questionando a decisão.
Ocupação no Piauí
Docentes, técnicos e estudantes da Universidade Estadual do Piauí (Uespi) ocuparam, na manhã desta quinta-feira (5), o Palácio Karnak, sede do governo do estado, para cobrar abertura de negociação com o governo do estado. Os manifestantes deixaram prédio no início da tarde após a garantia de uma audiência com o governador do Piauí na próxima terça-feira (10).
Os docentes e servidores técnico-administrativos da Uespi estão em greve desde 18 de abril. Eles exigem a revogação imediata da Lei 6.772/2016 que engessa a carreira dos servidores públicos estaduais, a implantação imediata das promoções, progressões e mudanças de regime de trabalho - já publicadas no Diário Oficial do Estado -, além da garantia de melhorias estruturais da nossa instituição.
Fonte: ANDES-SN |