A associação argentina Mães da Praça de Maio denunciou, na quinta-feira (25), a intervenção da Universidade Nacional das Mães (Unma) por parte de Javier Milei. De acordo com a entidade, o governo vem realizando atos que minam a integridade e o legado da organização.
A ADUA se solidariza com a comunidade da Unma, reafirmando a sua defesa da autonomia universitária, e com a associação Mães da Praça de Maio que é conhecida mundialmente pela luta pelos direitos humanos e por justiça para as(os) desaparecidas(os) durante a Ditadura Militar na Argentina (1976-1983).
Em comunicado oficial, a Associação Mães da Praça de Maio declarou: “resistiremos a esta ação fraudulenta e ilegítima junto a toda a Comunidade”, caracterizando o governo como “fascista, negacionista, reivindicador da ditadura genocida”. As filiais de Tucumán, Mendoza e Mar del Plata reforçaram o posicionamento, destacando que a luta de suas(seus) filhas(os) é a inspiração para sua resistência. “Sua luta nos levou a criar a Unma. Iremos defendê-la como defendemos seu exemplo”, afirmaram.
O Sindicato de Docentes da Universidade de Buenos Aires (Feduba) também manifestou repúdio à intervenção governamental na Unma, classificando-a como ilegal. A intervenção é vista como mais um passo na política negacionista de Milei, que tem sido criticado por minimizar as atrocidades cometidas durante a Ditadura.
Outras práticas
Em resposta ao governo Milei, as Avós da Praça de Maio participaram, no último dia 4 de julho deste ano, da tradicional ronda das Mães da Praça de Maio, manifestação que exige memória, verdade e justiça. O ato é mais um em resistência às políticas do governo que tenta apagar as violências perpetradas no passado na Argentina.
No país, trabalhadoras(es) também têm se mobilizado contra os cortes e demissões promovidos por Milei. Em frente à Secretaria de Direitos Humanos, localizada na antiga Escola de Mecânica da Armada (ESMA) – um dos principais centros de detenção e tortura da Ditadura argentina – os manifestantes expressaram sua indignação com as políticas atuais.
O Centro de Estudos Legais e Sociais (CELS) usou sua conta no X (antigo Twitter) para denunciar os discursos oficiais que legitimam os atos repressivos de Milei. "Desde que assumiu, o governo fechou ou desfinanciou políticas de reconstrução da verdade, busca de crianças roubadas, memória coletiva e reparação às vítimas”, destacou.
Assim como o Brasil enfrentou de 2019 a 2022 o desgoverno Bolsonaro, a Argentina vive um momento crítico para os direitos humanos e a memória histórica, com organizações e cidadãs(ãos) na resistência contra políticas que ameaçam reverter décadas de luta por justiça e verdade.
Fonte: com informações do Brasil 247
Foto: Eitan Abramovich/AFP
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