Biomas brasileiros sofrem grande ameaça. Amazônia, Pantanal e Cerrado têm enfrentado incêndios que em sua maioria são criminosos. Segundo especialistas, essa destruição sem precedentes tem como principal causa a ação direta do homem como desmatamento, incêndios e expansão do agronegócio.
Na Amazônia, foram detectados 12.696 focos de queimadas nos primeiros seis meses de 2024, um aumento de 76% em comparação ao mesmo período no ano passado, o maior índice desde 2004. No Cerrado, no mesmo período, foram detectados 12.097 focos, alta de 32% em relação a igual período de 2023. Foram 4.085 focos só nos primeiros 23 dias de junho.
No Pantanal, entre 1° de janeiro e 23 de junho deste ano, 627 mil hectares do bioma foram consumidos pelo fogo, conforme levantamento da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Foram detectados 3.262 focos de queimadas, 22 vezes mais do que em comparação ao mesmo período anterior. É o maior resultado da série histórica registrada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e que fez o governo do Mato Grosso do Sul decretar emergência.
O cientista Carlos Nobre afirmou, em entrevista ao UOL News, que foram poucos os registros, no sistema do Inpe, de descargas elétricas, raios e outros gatilhos naturais para a ocorrência de queimadas. O especialista foi categórico ao afirmar que a maioria das queimadas na Amazônia, Pantanal e Cerrado é criminosa.
A WWW-Brasil também ressalta que, no primeiro semestre deste ano, 53,3% das queimadas registradas no Cerrado ocorreram nos quatro estados do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), onde se situa a principal fronteira de expansão do agronegócio do país. Essa expansão ocorre, inclusive, com o aval de um decreto do governo Lula-Alckmin.
Em nota, a Articulação Agro é Fogo, formada por 30 movimentos, organizações e pastorais atuantes na defesa dos biomas e de suas comunidades denunciou o problema. “O alastramento dos incêndios, ainda mais em época de estiagem, é fortemente acionado por práticas humanas relacionadas ao avanço do agronegócio por pastagem, plantações de monocultura e pecuária através de grandes fazendeiros. As Comunidades Tradicionais Pantaneiras, do Cerrado e da Amazônia têm chamado ações como essas de incêndios criminosos e intencionais, provocados pela ação humana”, afirma a organização.
Sem controle
Outro aspecto denunciado é a falta de políticas para prevenção, controle e responsabilização dos criminosos. A destruição desses biomas, além de provocar um brutal impacto sobre a fauna e a flora, afetam povos e territórios tradicionais, indígenas e quilombolas e a saúde humana em geral.
Segundo a Articulação Agro é Fogo, desde 2023, as comunidades e organizações têm alertado que a situação pode se agravar se nada fosse feito. “Mesmo diante dos alertas, a verba para fiscalização ambiental, prevenção e combate a incêndios, na versão aprovada pelo Congresso e sancionada pelo governo, foi reduzida”, denunciam.
Fontes: com informações da CSP-Conlutas e UOL News
Foto: Rodrigo Baleia
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