Data: 24/02/2016
Um grupo de bolsistas da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), integrantes do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), denunciaram nesta segunda-feira (22), cortes nas bolsas dos acadêmicos das licenciaturas que fazem parte do programa, desenvolvido em todo País. O objetivo da mobilização é chamar a atenção da comunidade universitária e também da população pedindo a continuidade do programa.
Acadêmicos, professores e coordenadores que participam do programa realizaram manifestação no campus da Ufam. De acordo com a professora Raiolanda Carvalho, o edital de 2014 estabelece que os alunos deveriam receber uma bolsa de R$ 400 reais durante quatro anos, no entanto a coordenação do programa foi comunicada que os alunos com 24 meses terão suas bolsas cortadas.
“Agora fomos comunicados com o anúncio de um corte de praticamente 50% do Pibid a partir de 1º de março de 2016. Se permitirmos que isso se concretize, escolas públicas e supervisores serão descredenciados das parcerias com as universidades e acadêmicos das licenciaturas serão eliminados do Pibid, prejudicando o andamento das ações iniciadas”, relatou Raiolanda.
Além disso, ela afirma que o corte nas bolsas caracteriza ainda o não cumprimento do Plano Nacional da Educação (PNE), conforme a lei N.13.005 de 25 de junho de 2014. “O plano determina inclusive a ampliação do Pibid e não esse corte programado. Dessa forma, o governo vai acabar com um programa que tem contribuído significativamente com a formação de uma nova geração de professores da Educação Básica, comprometida com a melhoria da qualidade da escola pública”, disse.
Conforme informações do coordenador institucional do Pibid na Ufam, Túlio Gadelha, o programa é desenvolvido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) do Ministério da Educação (MEC) como parte de um conjunto de políticas de formação de professores para a melhoria da qualidade da educação.
“O Pibid oferece bolsas de iniciação à docência aos alunos de cursos presenciais que se dediquem ao estágio nas escolas públicas. O aluno tem uma bolsa para atuar diretamente na escola e com isso melhora a sua qualidade na formação. É um projeto que existe desde 2007 e a Ufam participa desde 2009. Desde então o programa vinha aumentando, tinha verba de custeio, ou seja, o aluno desenvolve um projeto na escola e o programa bancava o material que eles precisariam usar”, explicou.
No entanto, o coordenador afirma que a justificativa para a Capes realizar os cortes seria a crise que afeta todas as áreas. A preocupação de alunos e professores é que o programa aos poucos está se acabando. “O Pibid é a melhor forma de formação na qualificação dos nossos alunos de licenciatura. É um projeto que parecia que vinha pra ficar, mas parece que não vai ser assim. Os ‘cortes’ iniciaram quando o sistema passou a não aceitar a inclusão de nenhum acadêmico. Depois veio corte de custeio e agora o corte mais cruel que é o corte das bolsas”, relatou.
Ao A Crítica, a Capes se limitou a informar, por nota, que o Pibid “é um importante programa de incentivo e valorização à docência. Informamos que ele será mantido e que, no momento, está sendo avaliado pela Capes e pelo MEC”.
Articulação
O objetivo do programa é antecipar o vínculo entre os futuros mestres e as salas de aula da rede pública. Com essa iniciativa, o Pibid faz uma articulação entre a educação superior (por meio das licenciaturas), a escola e os sistemas estaduais e municipais. Na prática, o Pibid leva os acadêmicos de licenciatura para as escolas públicas onde lá eles desenvolvem na escola aquilo que estão aprendendo. É um complemento dos estágios supervisionados, os bolsistas trabalham em levar novidades para escola.
Mobilização nas redes
De segunda até esta quarta-feira os bolsistas promovem uma grande mobilização virtual. O objetivo é colocar a hashtag #FicaPIBID no Trending Topics brasileiro (Twitter, Instagram, Facebook). Por meio dessa hashtag os acadêmicos irão compartilhar experiências com o Pibid e a razão pela qual o programa não deve sofrer cortes.
Desta forma, as pessoas que estão diretamente ligadas ao Programa, assim como as pessoas que não tiveram contato direto com o Pibid, poderão participar utilizando a hashtag: #FicaPIBID. Todas as mensagens de apoio serão feitas por meio de frases, Imagens, Memes, relatos, quotes, tirinhas, cartazes, vlogs, músicas, paródias, entre outras. É importante salientar que a mobilização virtual não anula as mobilizações nas ruas.
Imagem: Antônio Menezes/A Crítica
Fonte: A Crítica |