Durante o seminário “20 anos do SUS” , realizado no Rio de Janeiro (RJ), no dia 22/11, movimentos sociais e sindicais debateram “Que SUS queremos”. Participaram da mesa representantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST, Fórum Nacional de Residentes em Saúde, Coletivo Nacional de Saúde do MST, ANDES-SN, CSP-Conlutas, Intersindical e CTB. O seminário foi organizado pela Frente Nacional contra a Privatização da Saúde. Segundo a presidente da mesa, professora Maria Inês Bravo, da Uerj, a CUT não respondeu ao convite da organização do evento.
A professora Sônia Lúcio, 2ª vice-presidente da Regional Rio do Andes-SN, expressou grande preocupação com os rumos atuais do sistema de saúde nacional e afirmou que a responsabilidade é do sistema capitalista que tem como premissa transformar tudo em mercadoria: “Só vamos conseguir Saúde quando superarmos a sociedade capitalista e construirmos a socialista. O que de fato tem acontecido é a valorização do capital-financeiro com avanço da privatização e precarização do SUS”, desabafou.
A dirigente também falou da concepção de saúde, que engloba o pleno desenvolvimento das potencialidades humanas, com condições de habitação, renda, trabalho, lazer, acesso aos serviços de Saúde, à terra. “De tudo isso resulta o conceito de Saúde”, disse. Para encerrar sua intervenção, a professora falou da importância em fortalecer a luta em defesa da Saúde pública.
Agregar trabalhadores
A assistente social Perciliana Rodrigues, representando a CSP-Conlutas, falou que ainda há muito que fazer na luta em defesa da Saúde, especialmente no processo de mobilização dos trabalhadores: “Não é fácil transformar nosso debate político em ações de massa. É nosso compromisso conversar com cada trabalhador. O caráter classista da luta pela Saúde é fundamental”, disse.
Ainda sobre trabalho, Perciliana citou o RJU (Regime Jurídico Único) como forma de combater o sucateamento da Saúde, constantemente ameaçada por políticas de terceirização, e garantir o caráter público do serviço: “Lutar pela saúde pública é lutar por uma condição digna de vida”, finalizou.
Saúde no campo
O MST é um dos grandes movimentos sociais brasileiros que agrega a luta de trabalhadores no campo não só em defesa da terra, embora seja sua principal bandeira, mas também pela garantia dos demais direitos dos trabalhadores rurais: “A maioria deles não tem conhecimento dos seus direitos”, disse Ivi Tavares, representando o MST.
Segundo Ivi, lutar pela saúde da população é lutar também contra os transgênicos e “contra o envenenamento do solo e da gente”. “O MST luta contra o modelo econômico, que faz com que a propriedade seja mais importante que o indivíduo”. Para ela, é fundamental que campo e cidade estejam juntos na luta em defesa da Saúde.
Fóruns de Saúde
Todos os movimentos que participaram do encontro tinham, também, representação nos fóruns de Saúde espalhados pelo Brasil. O grande consenso é que o trabalho precisa ser aprofundado e estruturado na maioria dos estados brasileiros. O que se defende é um sistema de Saúde público e que dê garantias de prestação de serviços de qualidade à população com investimentos de caráter público. Há a necessidade de fortalecer os fóruns locais e de criar mecanismos de constituição de novos fóruns.
Fonte: Adufrj Seção Sindical |