Data: 05/02/2016
Mais de 30 bolsistas da Orquestra Sinfônica da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), entre eles músicos e cantores, foram surpreendidos com a notícia de que haviam sido desligados do projeto, que existe há oito anos. De acordo com integrantes do “Vozes da Ufam”, como o projeto é conhecido, a iniciativa faz parte de uma medida implementada, nesta quarta-feira (3), pelo diretor do Centro de Artes da Ufam (Caua), órgão da universidade ao qual a orquestra está vinculada.
A notícia foi recebida com surpresa e indignação por parte dos bolsistas, que ainda tentam entender os motivos do desligamento e o fim do projeto, como alegam. “Alguns professores afirmavam que não cumpríamos a carga horária estabelecida em termo de compromisso firmado com a Pró-Reitoria de Extensão [Proexti], que é de 20h horas semanais. Mas nosso trabalho envolve atividades que vão além daquilo que é exigido no currículo, pois precisamos ensaiar e produzir espetáculos”, explica Abner Pires, estudante do 2º período do curso de Música da Ufam.
“Há pessoas que encaram a Orquestra como uma escola, mas existem diferenças entre esses dois contextos. Não importa o local de onde o aluno veio, mas sim que ele tenha talento”, opina a estudante do 4º período de História da Ufam, Bárbara Rebouças, que integra o coral.
Nas redes sociais, os bolsistas iniciaram uma mobilização para dar conhecimento do caso à sociedade e tentar inverter a situação. Uma publicação na página “Orquestra Vozes da Ufam” sobre o fato vem ganhando apoio da população, inclusive de ex-integrantes do projeto. A postagem conta com mais de 800 compartilhamentos.
Verbas
O estudante de Música diz que está apreensivo com sua situação financeira, pois o pagamento das bolsas referente a janeiro pode ter sido suspenso. “Alegaram que, devido ao período de recesso, não houve trabalho e, por isso, não há justificativa para o repasse de verbas. Por outro lado, trabalhei há quase um ano no projeto e, ao longo dessa época, jamais deixamos de receber nossas bolsas”, argumenta Abner.
A Orquestra de Vozes da Ufam, como é mais conhecida, surgiu em 2008, sob coordenação do professor Adelson Santos. Desde então, a mistura de música erudita e ritmos populares, com referências à cultura amazônica, rendeu boa repercussão junto ao público local e turnês para outros estados do Brasil.
Devido a discordâncias sobre a gestão do projeto, Adelson, contam os estudantes, solicitou desligamento da direção da Orquestra no final de 2015. “Não tomo a dor por mim, mas pelo Adelson, que dedicou integralmente 8 anos da vida dele ao projeto para vê-lo desmoronar sem nenhum argumento convincente. Como tiveram a capacidade de ter tanta desconsideração com o trabalho do Adelson e com os bolsistas? É tristeza e as vezes raiva, porque não houve consulta”, desabafa Bárbara.
Em nota, o diretor do Caua, professor Paulo Roberto Simonetti, esclareceu que, ao contrário do conteúdo divulgado nas redes sociais, a Orquestra Vozes da Ufam não foi extinta: apenas passa por uma reestruturação. “A orquestra não só permanecerá com o mesmo perfil, como ampliará sua área de atuação. A proposta, que conta com a parceria do Departamento de Artes da Ufam, através do curso de Música, é que a orquestra terá dois repertórios: um sinfônico e um popular”, diz trecho do documento.
A reportagem tentou contato com o professor Adelson Santos, mas não obteve êxito.
Imagens: Divulgação e ADUA
Fonte: ADUA
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