Com o tema “Não existe democracia sem o feminismo”, a última roda de conversa, no dia 27 de março (quarta-feira), apontou para a necessidade de olhar as singularidades das mulheres, considerar que as questões de classes permeiam suas lutas e que há uma urgência de que as pautas ultrapassem as fronteiras dos movimentos feministas. A atividade encerrou a Jornada de Luta pelos Direitos das Mulheres da ADUA, construída em celebração e defesa dos direitos das mulheres.
O encontro ocorreu às 15h, presencialmente no auditório Professor Osvaldo Coelho, na sede da Seção Sindical, no campus da Ufam em Manaus, e remotamente pelo Google Meet.
As convidadas foram a representante do Movimento das Estudantes Indígenas do Amazonas (Meiam) e docente do Instituto de Educação, Agricultura e Ambiente (IEAA/Ufam), Daniele Gonzaga; a militante da Aliança Revolucionária das Trabalhadoras(es) e professora da Faculdade de Educação (Faced/Ufam), Gisele Costa, e a representante da União Brasileira de Mulheres, Doris Bastos.
Doris Bastos, da UBM, disse que o interesse do capitalismo neoliberal é que as mulheres não avancem na luta por seus direitos e que por isso é preciso ir além, falar para quem está fora dos movimentos sociais.
Partindo do entendimento de que as mulheres indígenas se enxergam como “corpo-território”, a docente Daniele Gonzaga afirmou que as mulheres indígenas têm suas vidas violentadas porque suas terras são objetos de disputas, e que sair de seus territórios é uma estratégia para conquista de direitos, mas que é preciso considerar suas culturas. “As mulheres têm a responsabilidade da manutenção da língua. Por outro lado, não sair dos territórios impõem outras questões e espaço paras violências”.
Não dá para falar das questões das mulheres sem falar do capital, das lutas de classe. Esse foi o olhar compartilhado pela professora Gisele Costa, que enfatizou a origem das conquistas dos direitos organização das mulheres trabalhadoras. “Feminismo não é a luta das mulheres contra os homens, é contra uma das ideologias que embasa o massacre contra as mulheres”.
Após a roda de conversa foi realizada a Quarta Cultural “Meu corpo, minha lei”, com a participação da cantora Simone Ávila, fechando a jornada com música, dança e mensagem de força e esperança.
A jornada teve início no dia 8 de março com o ato no Centro de Manaus e contou ainda com a realização de duas outras rodas de conversa em março: "Violência Política de Gênero na Ufam", no dia 15, e “Assédios na Ufam e a Institucionalização de práticas machistas nos espaços universitários”, no dia 22. A gravação das três rodas de conversas estão disponíveis no canal da ADUA no YouTube.
Fotos: Daisy Melo/ Ascom ADUA
Fonte: ADUA
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