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  29/01/2024


Revista da ADUA fomenta debate sobre luta dos povos indígenas



 

 

Sue Anne Cursino

 

Está disponível para leitura o nº 5 da Revista Resistências com o tema “Povos indígenas: a luta pela existência em um mundo desigual”. O periódico é produzido pela ADUA e neste número reúne 22 artigos políticos e uma reportagem que convidam leitores(as) para aliarem-se às lutas dos povos indígenas.

 

A revista impressa é distribuída aos(às) sindicalizados(as) e a versão digital está disponível para o público no site da Seção Sindical. A apresentação oficial ocorreu durante a Assembleia Geral da ADUA no dia 26 de janeiro. 

 

Nesta edição, a publicação não é fechada só na dimensão amazônica. Ela expande-se em um tema cada vez mais atual: os povos indígenas no Brasil.

 

O editor deste número, professor Lino João de Oliveira Neves, explica que a concepção da revista é propor debates e reflexões a partir de um tema que vê o Brasil como um país que nega a existência de seus povos originários. “Podemos falar com muita segurança que o risco de extermínio dos povos indígenas é histórico e continuado. Por outro lado, também é real que as lutas, resistência e afirmação são parte do processo que os próprios povos indígenas fortalecem, garantindo protagonismo, o que é fundamental nesse movimento”. 

 

Diversidade de vozes

 

A revista recebeu textos de renomados(as) autores(as), especialistas e experientes defensores(as) da causa indígena. São estudantes, docentes da Ufam e de outras universidades, jornalistas, integrantes de movimentos indígenas e sociais, além de indígenas, que escreveram artigos com características diversas, distribuídos em cinco subtemas. Alguns textos têm caráter mais historiográfico, enquanto outros apresentam análise de conjuntura sobre a questão indígena ou fomentam autorreflexões a partir de experiências pessoais.

 

“Entre o velho e o inédito: desafios para a questão indígena no atual contexto no Brasil” é o texto que abre a revista. De autoria do antropólogo e indigenista com larga experiência na Amazônia, Luis Ventura Fernández, o texto mostra uma análise de conjuntura sobre a política indígena brasileira nos últimos quatro anos, e o que pode se esperar do Governo Lula.

 

No segundo eixo “Ameaças e violências contra a existência dos povos indígenas” estão presentes cinco artigos escritos por docentes da Ufam da área de Serviço Social, Geografia, Antropologia e História, mestrandas e doutorandas da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e integrantes do Conselho Indigenista Missionário (Cimi). Em geral, os textos abordam impactos da Covid-19 na vida indígena dos Kaingang, Mebêngôkre e Kaxinawá; lutas e conquistas do movimento indígena no Brasil e a decolonialidade do pensamento.

 

Intitulado “Brasil, um país contra os e as indígenas”, o terceiro eixo têm seis artigos que resultam da contribuição de indígena, docentes, jornalista e advogado. Dentre os textos destaca-se o de Emilson Munduruku, Coordenador Regional da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), o qual compartilha experiências sobre ressignificados cotidianos que simbolizam resistência.

 

No eixo “Povos indígenas em risco de extermínio”, três artigos traçam um panorama que discorre sobre a “necropolítica bolsonarista e os povos indígenas”, “neocolonização e as interfaces do governo federal” e reafirmação da “existência negada aos povos isolados”.  Nele há um conjunto de pessoas diretamente ligadas a questões indígenas e se propõe a analisar as políticas públicas que colocam em risco a presença dos povos indígenas neste mundo.  Entre os(as) autores(as) está o professor Eduardo Gomes da Silva Filho, da Universidade Federal de Roraima (UFRR), que defende a “necessidade de fortalecimento de políticas públicas que promovam a igualdade, a justiça social, a valorização da diversidade e o diálogo intercultural”.

 

O protagonismo indígena no movimento de defesa de suas vidas está enfatizado no quinto eixo. São abordados os desafios e as conquistas na luta indígena no estado de Roraima, o direito aos territórios e o papel da universidade na proteção dos povos originários.

 

Vale citar a singular contribuição do indigenista e um dos fundadores do Cimi, Egydio Schwade, autor do artigo “Os povos indígenas se afirmam”.

 

O último subtema concentra três textos sobre a importância da preservação dos conhecimentos tradicionais indígenas para garantir a possibilidade de existência futura desses povos.

 

As autorias são de ex-integrantes do Cimi, de estudantes de mestrado da Universidade Federal do Pará (UFPA), da liderança indígena Maria Leuza Munduruku, do docente aposentado da Ufam, Renan Freitas Pinto, e de José Ribamar Bessa Freire.

 

Tratam sobre a participação das mulheres Munduruku na resistência contra a destruição de seus territórios; as situações de desigualdades regionais, econômicas, culturais e étnicas; e o papel da língua na preservação de conhecimentos. 

 

Para fechar a revista, uma reportagem amplifica resultados de pesquisas que denunciam os rastros de destruição causados pela ditadura empresarial-militar em territórios indígenas na Amazônia. Dentre as consequências, a exploração mineral é verificada como uma das mais danosas heranças da ditadura que se perpetua até hoje.

 

A Comissão Editorial da revista é formada pelos professores Tomzé Costa, Lino João Neves de Oliveira e Marcelo Vallina e pelas professoras Ivânia Vieira e Iolete Ribeiro.  Este número também recebeu contribuição da professora Guilhermina Terra.

 

“Participamos dessa nossa vida como docentes e como ativistas. A revista Resistências tem uma grande importância de levantar reflexões sobre temas ligados à Amazônia, tem trazido importante contribuição e vem se firmando enquanto um veículo interessante de debate”, afirmou Lino João de Oliveira Neves.

 

O docente complementa seu pensamento  com a seguinte avaliação: “Eu quero fazer uma observação em relação à revista como um todo. Sobre os outros quatro números, a manifestação era unânime de que é uma revista muito bonita e de um conteúdo interessante. E sobre a número 5, creio que não será diferente. E com isso eu chamo atenção e parabenizo o Tomzé, que tem trabalhado com bastante afinco na produção da Resistências. No que se refere à produção física que espelha essa qualidade e beleza da revista é um mérito todo do Tomzé”.

 

 



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