Data: 18/09/2015
Os docentes da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) decidiram pela continuidade da greve da categoria. A decisão foi aprovada em assembleia, realizada pelo Comando Local de Greve (CLG) da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Alagoas (Adufal) na manhã de quinta-feira (17), no auditório do Centro de Interesses Comunitários (CIC), da instituição de ensino.
A assembleia foi aberta com informes sobre o novo pacote de ajustes fiscais proposto pelo Governo Federal na última segunda-feira (14), no qual constam a suspensão dos concursos públicos; o fim do chamado abono permanência, um acréscimo que o servidor recebe para não se aposentar; e o adiamento do pagamento de reajuste de salário dos funcionários públicos, de janeiro para agosto de 2016. No entanto, de acordo com informações veiculadas durante o dia, o Governo parece disposto a reconsiderar essa última medida, e realizar o início do reajuste salarial no mês de março de 2016. Um fato considerado pelo movimento sindical como resultado da pressão causada pela greve nacional.
Além disso, as propostas do Comunicado de N° 40, divulgado pelo Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), foram explicitadas, avaliadas e aprovadas pelos docentes presentes. O documento será utilizado pelo Andes-SN como base para uma nova rodada de negociações com o Ministério da Educação (MEC), prevista para acontecer nesta sexta-feira (18), em Brasília. Nele constam as seguintes propostas: a defesa do caráter público da universidade; a garantia das condições de trabalho; a garantia de autonomia; e a reestruturação da carreira e valorização salarial dos docentes. “A luta pela reestruturação da carreira se dá desde 2012, todas essas propostas são pautas antigas da categoria. A greve existe hoje para garantir o futuro da carreira docente e reafirmar a defesa do serviço público”, explicou o professor da UFAL, Thiago Leandro.
Os docentes entendem que neste momento, a mobilização nacional deve servir para deixar claro que o Governo Federal está transferindo a responsabilidade pela atual crise enfrentada pelo país para a sociedade e os servidores federais. A crise não foi e não é causada pelo funcionalismo público, ao contrário, a precarização progressiva dos serviços oferecidos à sociedade, principalmente no âmbito da Educação, pode acarretar em prejuízos sociais irreversíveis.
Deliberações
A assembleia serviu para aprovar as seguintes questões: o uso das propostas do Comunicado N° 40 para negociações com o Governo Federal; o envio de dois representantes dos docentes federais de Alagoas para o Ato Unificado dos Servidores Públicos Federais, no dia 23/09, em Brasília; a criação do Cine Greve, do momento Rodas de Conversas e discussão do documento “Pátria Educadora” em todos os campi da universidade; o ressarcimento das despesas com transporte pela Adufal para os professores do interior que se desloquem para participar das atividades da greve na capital; a adesão à Marcha Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras, nesta sexta-feira (18), às 9h, na praça Sinimbu; realização de audiências públicas nos campi da universidade sob a responsabilidade do CLG; a elaboração de um novo documento à Reitoria da UFAL ratificando a urgência da discussão das pautas locais do movimento de greve; a realização de um ato pela visibilidade das pautas da greve com serviços à sociedade, no próximo dia 23; e a realização de uma nova assembleia no próximo dia 24.
Entenda a greve
A deflagração da greve dos docentes federais se deu no dia 28 de maio deste ano, como uma resposta política às tentativas sem sucesso de negociação com o Governo Federal nos últimos anos. Em âmbito nacional a mobilização da categoria é pela defesa do caráter público da universidade; melhoria das condições de trabalho; garantia de autonomia; reestruturação da carreira docente; e a valorização salarial de servidores ativos e aposentados. No entanto, o Governo Federal realizou um corte no orçamento destinado à Educação na ordem dos R$ 10 bilhões, apenas no ano de 2015.
O CLG da Adufal também encabeça as negociações para pautas identificadas como locais e que têm caráter de emergência, que para serem atendidas não precisam de uma negociação com o Governo Federal, bastaria apenas o uso de vontade política por parte da reitoria da UFAL, dentre elas: a transparência e democratização dos recursos da universidade; garantia mínima de qualidade da expansão; democratização do Centro de Interesse Comunitário (CIC) e garantia de entrada única no Campus do Sertão.
Fonte: Tribuna Hoje |