Em meio à ditadura militar, nascia uma organização de luta pela universidade pública e autônoma
Julho de 1978. Ao final de uma década marcada por fortes ondas de repressão nas universidades – palcos constantes de demissões, cassações brancas, censura ideológica nas bibliotecas e aposentadorias compulsórias – 17 associações de professores decidem se mobilizar e reúnem-se pela primeira vez (em consonância com outros movimentos de resistência contra o regime militar), em torno da defesa da anistia ampla, geral e irrestrita, e em favor de uma profunda reforma universitária no país.
Em janeiro do ano seguinte, o movimento ganhava força e culminava no primeiro Encontro Nacional de Associações Docentes (Enad), com a presença de 34 associações e três comissões pró-AD (Associação Docente), na Universidade de São Paulo. Entre os principais pontos contidos no documento final da atividade, estavam a proposta de criação de uma organização nacional dos professores, além de temas que seguem atuais na luta docente: defesa do ensino público e gratuito, autonomia sindical, democratização da universidade e melhorias salariais e de condições de trabalho, entre outros.
Durante a reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), ainda em 1979, em São Paulo, um novo Encontro deliberou a criação de uma Coordenação Nacional. Um Enad extraordinário, realizado em Salvador em setembro daquele ano, encaminhou importantes campanhas salariais em nível nacional, tanto para o setor público como para o setor privado. Depois do Enad de Salvador, houve ainda dois outros Encontros: um em João Pessoa e outro no Rio de Janeiro. Neste último, foi aprovada a convocação do Congresso Nacional de Docentes Universitários (que aconteceria em 1981, com delegados eleitos nas Assembléias de cada AD).
Consequência direta das mobilizações do período, docentes das Instituições de Ensino Superior Federais Autárquicas (Ifes) promoveram, no final de 1980, a primeira greve nacional, reivindicando, entre outros pontos, reajuste salarial, plano de carreira e mais verbas para a educação.
Estavam criadas, assim, as bases para a consolidação do que se tornaria, num futuro muito próximo, a ANDES - Associação Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior, mais tarde transformada em Sindicato Nacional.
Fonte: ANDES-SN |