Data: 24/08/2015
Atendendo ao chamado do Comando Nacional de Greve do ANDES-SN, professores de todo o país participaram de um bate-papo virtual na quinta-feira (20), organizado pelo projeto Dialoga Brasil do governo federal, com o Ministro da Educação, Renato Janine. Nas postagens, os docentes, em greve há quase 90 dias, cobraram respostas do ministro acerca da pauta de reivindicações da categoria, denunciaram a falta de diálogo com o movimento grevista e também cobraram a abertura de negociações efetivas com o Ministério da Educação.
Junto com os docentes, técnicos e estudantes também se manifestaram na conversa virtual, demandando do ministro Janine a reversão dos cortes no orçamento da pasta, mais investimentos na educação pública e solução para as greves. Os trabalhadores técnico-administrativos também estão em greve e, em diversas universidades, os estudantes também pararam as atividades e ocupam os prédios das reitorias. Leia mais aqui.
O espaço para perguntas e respostas durou cerca de uma hora e, das 603 perguntas postadas, o ministro Janine respondeu apenas 15. Em várias colocações, o responsável pela pasta da Educação foi evasivo, utilizou a crise econômica como justificativa para as péssimas condições de trabalho e ensino nas Instituições Federais de Ensino e ainda demonstrou a opção do governo federal em priorizar a destinação de recursos para as empresas privadas, em detrimento da Educação Pública.
Em relação à greve de docentes e técnicos, Janine, que até o momento não compareceu a uma reunião com o Comando Nacional de Greve dos docentes federais, disse que está acompanhando as negociações que estão sendo feitas em reuniões com as entidades sindicais representativas dos docentes e dos servidores técnicos administrativos das universidades que estão em greve.
“O MEC continuará dialogando com todos os sindicatos. Em 16 de abril recebi a FASUBRA. Desde então, a FASUBRA participou de vários encontros com representantes do MEC. Vale também dizer, que nas reuniões, o MEC comprometeu-se a acompanhar as negociações salariais, reestruturação da carreira junto ao Ministério do Planejamento e com temas propostos pela Fasubra, como a questão da democratização da universidade e o redimensionamento da força de trabalho.
Representantes do MEC reuniram-se com a Federação de Sindicatos de Professores de Instituições Federais de Ensino Superior (Proifes). O Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) também foi recebido nos dias 10 de março, 22 de maio e 23 de junho. O ministério comprometeu-se a acompanhar, por meio de um grupo de trabalho, as questões conceituais da carreira, entre outras demandas. O MEC tem acompanhado a mesa de negociação salarial com as entidades representativas e o Ministério do Planejamento. Vale lembrar que em 2015 docentes e técnicos administrativos das instituições federais já tiveram reajuste por conta do acordo de 2012. Muitas pautas das reivindicações já avançaram. Estamos trabalhando para um acordo que seja bom para as categorias e para o Brasil. Não posso deixar de frisar que os maiores prejudicados com a greve são os alunos. É preciso que haja um entendimento um pouco mais amplo da conjuntura do país. Os grevistas pedem aumento salarial e uma reestruturação na carreira docente em um momento agudo de crise nas finanças públicas. Precisamos agora fazer mais com menos e fazer um bom uso do dinheiro público”, escreveu em uma das respostas no bate-papo.
Na opinião do presidente do ANDES-SN, Paulo Rizzo, o ministro da Educação trata a luta dos professores como se esta fosse apenas por salário. “Ele disse que estamos conversando, o que não é verdade, mas que temos que entender que é um momento de crise e que temos que fazer mais com menos. Ele trata os cortes como se fosse ponto pacífico, algo ‘imexível’. Ele alega que tem crise, tem cortes e, enquanto isso, os servidores estão discutindo salários.
A nossa greve não é só por salários, é porque não dá mais para ‘fazer mais com menos’. Exigimos o fim dos cortes já!”, ressaltou.
Quando questionado sobre a destinação de mais de R$ 11 bilhões de recursos da União apenas em 2015 para o Fies, enquanto o governo federal retira montante semelhante do orçamento da educação, o Ministro Janine apenas destacou que o programa é um empréstimo e que o dinheiro seria, eventualmente, devolvido. “Isso é uma demonstração da opção do governo em subsidiar os lucros das empresas privadas à custa do endividamento da juventude, ao invés de investir na educação pública”, avaliou o presidente do ANDES-SN.
Rizzo destaca ainda o fato de o representante do MEC participar de um canal de diálogo pelas redes sociais, mas não se reunir com os docentes em greve presencialmente. “Ele dá respostas pelo Facebook, mas efetivamente não negocia”, reforçou.
Negocia Janine
Nesta semana, docentes de todo o país participam de manifestações em defesa da educação pública e para cobrar do governo atendimento à pauta unificada dos servidores públicos federais e a abertura de negociações efetivas entre os docentes em greve e o Ministério da Educação.
Na quinta-feira (27), o Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fórum dos SPF) realiza uma grande marcha à Brasília, com concentração na tenda em frente ao Museu Nacional da República, na Esplanada dos Ministérios.
No dia seguinte, 28 de agosto, os docentes federais em greve também participam de uma manifestação, na capital federal, para pressionar o ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, a negociar com a categoria.
O Comando Nacional de Greve (CNG) do ANDES-SN orientou, em seu 33° comunicado, o envolvimento de todas as seções sindicais no sentido de organizar, junto às demais entidades dos SPF e também com o movimento estudantil, caravanas massivas a partir dos estados e, principalmente, estimular e investir na participação de professores em Brasília, nos dois dias.
Fonte: ANDES-SN |