"A intolerância religiosa em relação às religiões de matriz afro-brasileira resultou em mais uma vítima em nosso país". Assim inicia a nota da Diretoria do ANDES-SN sobre o assassinato da líder da comunidade Quilombola de Pitanga dos Palmares, Mãe Bernadete Pacífico, ocorrido em 17 de agosto, em Simões Filho (BA). A religiosa ocupava o cargo de coordenadora da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) e era mãe de Flávio Gabriel Pacífico dos Santos (Binho do Quilombo), que também foi mais uma liderança quilombola vítima de assassinato há 6 anos. Os dois casos entraram para a estatística de execução de quilombolas. O Sindicato Nacional e outras entidades exigem justiça.
O movimento negro organiza uma série de mobilizações contra a violência policial nas periferias. No dia 24 de agosto (quinta-feira), em mais de 14 estados serão realizados atos contra violência policial e morte de Mãe Bernadete.
Segundo dados do Ministério dos Direitos Humanos, somente em 2022 ocorreram 1.201 ataques devido à religião. Os dados indicam que houve um aumento de 45% nos crimes motivados por razões religiosas no Brasil, tendo as pessoas de religiões de matriz africana como alvo mais frequente de intolerância religiosa. Desde 2013, foram registradas 30 execuções de quilombolas. com os estados da Bahia (11), Maranhão (8) e Pará (4) sendo os locais com o maior número de assassinatos, segundo informações levantadas pela Conaq. A maior parte dos assassinatos ocorreu dentro dos quilombos, com o uso de armas de fogo.
“A Conaq exige que o Estado brasileiro tome medidas imediatas para a proteção das lideranças do Quilombo de Pitanga de Palmares. É dever do Estado garantir que haja uma investigação célere e eficaz e que os responsáveis pelos crimes que têm vitimado as lideranças desse Quilombo sejam devidamente responsabilizados. É crucial que a justiça seja feita, que a verdade seja conhecida e que os autores sejam punidos. Queremos justiça para honrar a memória de nossa liderança perdida, mas também para que possamos afirmar que, no Brasil, atos de violência contra quilombolas não serão tolerados”, afirmou a entidade.
De acordo com os dados do Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem um total de 1.327.802 quilombolas. Pela primeira vez as comunidades quilombolas foram incorporadas às estatísticas oficiais da pesquisa.
O ANDES-SN reivindica que seja realizada uma apuração rigorosa deste e de todos os assassinatos de líderes religiosos do povo negro. "Continuaremos nossa luta incansável e nosso empenho na defesa das expressões religiosas de matriz afro-brasileira-indígena", conclui o texto da nota que pode ser lida a seguir.
NOTA DA DIRETORIA DO ANDES-SN SOBRE O ASSASSINATO DE LÍDER DE COMUNIDADE QUILOMBOLA NA BAHIA
A intolerância religiosa em relação às religiões de matriz afro-brasileira resultou em mais uma vítima em nosso país. No dia 17 de agosto, a Mãe Bernadete Pacífico, líder da comunidade Quilombola de Pitanga dos Palmares, em Simões Filho (BA), foi brutalmente assassinada dentro do terreiro. A líder religiosa ocupava o cargo de Coordenadora Nacional da Articulação dos Quilombos (CONAQ).
É inaceitável que líderes de religiões de matriz afro-brasileira continuem sendo alvo de atentados contra suas vidas, contribuindo para o genocídio do povo negro. Em todo o país, assassinatos dessa natureza, fruto do preconceito racial e intolerância religiosa, têm resultado em uma escalada de violência que, inexplicavelmente, não são solucionados, a exemplo do próprio filho da Mãe Bernadete Pacífico, Flávio Gabriel Pacífico dos Santos, conhecido como Binho, também líder religioso, assassinado há seis anos e sem que se tenha alcançado uma solução.
O ANDES-SN exige uma apuração rigorosa deste e de todos os assassinatos de líderes religiosos do povo negro. Continuaremos nossa luta incansável e nosso empenho na defesa das expressões religiosas de matriz afro-brasileira-indígena.
Brasília (DF), 18 de agosto de 2023
Diretoria do ANDES-Sindicato Nacional
Imagem: Conaq
Fontes: ADUA com informações do ANDES-SN, CSP-Conlutas, G1, Conaq e Agência Brasil.
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