Em 19 de agosto é celebrado o Dia do Orgulho Lésbico. A data foi escolhida em memória à primeira grande manifestação de mulheres lésbicas no Brasil, ocorrida em 1983, em São Paulo, que ficou conhecida como o "Stonewall brasileiro". Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS): Orientação sexual autoidentificada da população adulta, divulgada em maio de 2022 pelo IBGE, 0,9% das mulheres se consideram lésbica. A ADUA é a favor da visibilidade, do respeito, de políticas públicas e contra toda opressão em função de gênero e orientação sexual.
Naquela noite, ativistas do Grupo Ação Lésbica Feminista (Galf) ocuparam o Ferro's Bar para protestar contra os preconceitos as frequentadoras do lugar. O bar era ponto de encontro de ativistas e artistas.
Um mês antes do ocorrido, os donos do bar haviam vetado a distribuição do "ChanacomChana", primeira publicação ativista lésbica do Brasil, e expulsaram as autoras do local. Na noite da manifestação, integrantes do Galf conseguiram a promessa dos donos do bar de que não seriam mais impedidas de distribuir o boletim.
A data é conhecida como o “Stonewall brasileiro”, em referência à manifestação de gays, lésbicas e travestis contra a repressão policial em Nova Iorque, em 28 de junho de 1969, que posteriormente daria origem ao Dia Internacional do Orgulho LGBT.
No Brasil, a organização lésbica se iniciou em 1979, quando as mulheres passaram a integrar o grupo Somos - primeira organização LGBT do país, criada em 1978 - e, em maio daquele ano, fundaram o Grupo Lésbico-Feminista (LF).
Anos depois, remanescentes do grupo Somos criaram em outubro de 1981 o Galf. Entre as pioneiras estiveram Rosely Roth e Míriam Martinho, que estavam à frente da mobilização no Ferro's Bar e da publicação "ChanacomChana".
Estatísticas
O número de lésbicas, gays e bissexuais registrado na pesquisa pode estar subnotificado, o que dificulta o desenvolvimento de políticas públicas. O IBGE aponta o estigma e o preconceito por parte da sociedade como fatores que podem fazer com que as pessoas não se sintam seguras em declarar a própria orientação sexual.
Pesquisadoras responsáveis pelo estudo destacam que em cerca de 70 países a homossexualidade é crime, como mostra levantamento feito pela Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersexuais (Ilga).
Violência
No Brasil, a homofobia segue como questão a ser discutida. De acordo com o Relatório de Mortes Violentas de LGBT+ no Brasil, do Grupo Gay da Bahia, 300 lésbicas, gays, bissexuais, transsexuais, entre outros sofreram morte violenta no país em 2021, número que representa 8% a mais do que no ano anterior, sendo 276 homicídios e 24 suicídios.
Um levantamento a Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Universidade de São Paulo (USP) mapeou informações sobre episódios de violência a psicológica, verbal, física ou sexual. Tendo como base tendo como base de referência a violência sofrida por homens heterossexuais cisgêneros, as mulheres lésbicas relataram sofrer seis vezes mais episódios de violência sexual. As mulheres heterossexuais cisgênero reportaram sofrer quatro vezes mais.
Visibilidade lésbica
Também em agosto, no dia 29, se comemora o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica. A data foi estabelecida em contraposição ao histórico apagamento das vivências e do trabalho feito pelas mulheres lésbicas no movimento LGBTQIAPN+ e do movimento feminista.
Criada por ativistas brasileiras, a data tem o objetivo de denunciar a invisibilização e as diversas violências psicológicas, simbólicas, físicas e econômicas sofridas por mulheres lésbicas na sociedade.
O apagamento lésbico é, ao mesmo tempo, causa e resultado da lesbofobia (discriminação sofrida por mulheres lésbicas em função do seu gênero e orientação sexual) e se manifesta de diversas formas, desde o não reconhecimento das relações afetivas entre mulheres, passando pela hipersexualização dos corpos lésbicos, a negligência na área de saúde, até atos mais extremos, como o “estupro corretivo” e o lesbocídio.
Embora o Brasil não produza dados oficiais sobre a prevalência da violência contra mulheres lésbicas, há algumas análises acadêmicas apontam para essa realidade. É o caso do Dossiê sobre Lesbocídio no Brasil, primeiro relatório nacional sobre o tema, realizado por pesquisadoras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e lançado em 2018. Para as pesquisadoras Milena Peres, Suane Soares e Maria Dias, a lesbofobia existe como parte do patriarcado.
O Dia Nacional da Visibilidade Lésbica faz referência à realização do primeiro Seminário Nacional de Lésbicas (Senale) realizado no Rio de Janeiro, em 1996, para tratar de temas relacionados à violação de direitos das mulheres em razão da orientação sexual. Desde então, o tema é lembrado ao longo de todo o mês de agosto.
Fontes: com informações de Agência Brasil, O Globo e IBDFAM
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