Os cortes de 20% no orçamento da Universidade Federal do Pará (UFPA) estão interferindo o setor de manutenção e impactando na área acadêmica, principalmente no setor de pesquisas. No campus de Belém, obras terão que ser suspensas.
A verba de 2015 da UFPA era de R$ 217 milhões, mas por causa da crise econômica, no mês passado o governo federal fez um reajuste fiscal e diminuiu o repasse dos investimentos na educação. Por isso, a instituição vai passar a trabalhar com o orçamento 20% abaixo do previsto.
São R$ 46 milhões que deixarão de ser investidos na UFPA. Cerca de 10% ou R$ 15.400 milhões foram retirados do orçamento de custeio, que inclui gastos com limpeza, segurança e energia elétrica.
"Nós estamos diminuindo a vigilância armada e porteiro, para diminuir custos. Limpeza a gente está reduzindo também o quantitativo, principalmente da área externa, para que a gente consiga, com esse corte, manter a universidade funcionando adequadamente. A gente está fazendo com que essas atividades tenham um menor impacto possível. Então, a gente não pensa em fazer redução do R.U. e nem do transporte da universidade", afirma Edson Ortiz, pró-reitor de administração da UFPA.
Mas o maior corte, de 50%, foi na verba destinada à expansão da universidade. São R$ 30 milhões a menos para serem utilizados no desenvolvimento de projetos e pesquisas e também na construção de novos prédios.
Atualmente, a UFPA tem 30 obras em andamento. Por causa da diminuição no repasse de recursos federais, a instituição vai deixar para depois 8 novos projetos de ampliação e reforma que estavam previstos para este ano.
"O orçamento da universidade é baseado na perspectiva de arrecadação. Se a arrecadação dos impostos cobrados pelo governo diminui, automaticamente o recurso para manter essa máquina administrativa com certeza vai sofrer redução", disse ainda Ortiz.
A UFPA tem mais de 42 mil alunos de graduação e pós-graduação e mais de R$ 2 mil professores no ensino superior. Para os professores, a diminuição dos repasses federais é um dos principais impasses da negociação com o governo, já que a categoria está em greve há mais de um mês.
"A gente sempre defendeu a universidade pública como um patrimônio brasileiro, um país não pode pensar em ser uma potência em desenvolvimento se não investe na educação, muito menos tirando aquilo que representa a produção desse conhecimento, que é a universidade. O orçamento que o povo brasileiro se dispõe a contribuir pelos seus impostos precisam vir pro povo brasileiro", afirma Fátima Moreira, diretora da Adufpa.
"A gente tem os laboratórios de elétrica. A partir do momento que tu corta os gastos, num laboratório desses, tá prejudicando o aprendizado dos alunos que estão na graduação e, consequentemente, a formação desses alunos para o mercado de trabalho”, lamenta o estudante Erick Rocha.
Fonte: Portal G1/ PA |