Data: 11/06/2015
A cidade de Campinas (SP) sediou, na segunda e terça-feira (8 e 9), o 2º Encontro da Rede Sindical Internacional de Solidariedade e Lutas, que agrega centrais sindicais, sindicatos e movimentos de diversos países pelo mundo. Participaram do encontro mais de 200 pessoas, representando entidades das mais diversas categorias, de 25 países da América do Sul, Central, do Norte, Europa, África, Oriente Médio e Ásia.
O encontro teve organização da CSP-Conlutas, em conjunto com a Confederação Geral do Trabalho (CGT) espanhola e a Union Solidaires francesa. O evento fez avançar as discussões realizadas a partir do 1º Encontro, realizado em Paris, França, em março de 2013. Além de debater e aprovar uma declaração geral consensual, os presentes se dividiram em quatro Grupos de Trabalho (GTs): mulheres, criminalização das lutas sociais, autogestão e imigrantes – cujas discussões também deram origem a documentos que expressam o posicionamento da Rede sobre os temas. Ainda houve debates setoriais, entre eles o de educação e o de serviço público.
Todas as discussões do encontro giraram em torno da questão da crise pela qual o mundo passa, e que praticamente a totalidade dos governos aplica planos de ajustes que suprimem direitos dos trabalhadores para assegurar a lucratividade das empresas e a remuneração do capital financeiro. Na declaração final do encontro essa questão é ressaltada, com a proposição de que a Rede Sindical Internacional de Solidariedade e Lutas atue de forma coordenada para combater, nos níveis local, nacional e internacional, a retirada de direitos dos trabalhadores.
Em relação à educação, os presentes concluíram que o projeto de precarização e privatização da área é semelhante em todos os continentes, ainda que apresente nuances diferentes em cada país. É comum em várias regiões do globo a transferência de dinheiro público para a iniciativa privada, o desrespeito às condições de trabalho dos professores e o caráter mercantilista da educação que está sendo construída. Deliberou-se que haverá um espaço no site da Rede, recentemente reformulado, para os textos e notícias referentes à educação.
Sobre a realidade do serviço público também se constatou que o ataque é realizado em escala mundial, e que a Rede deve se posicionar contra o desmonte deste, e a favor da realização de concursos públicos. Diretores do ANDES-SN, de algumas seções sindicais e da base da categoria participaram desses debates, em conjunto com educadores e estudantes de todo o mundo.
Os problemas do movimento sindical pelo mundo também foram debatidos. A Rede reafirmou sua posição contra o sindicalismo de estado e contra as burocracias subservientes aos patrões e governos. Rechaçou as tentativas de criminalização e intimidação das lutas sociais. Aprovou ainda propostas para construção de um movimento sindical internacionalista e classista, que combata a exploração, o machismo, a homofobia, o racismo e a xenofobia.
O encontro aprovou diversas moções, entre elas a de apoio às greves da educação – tanto de docentes e técnico-administrativos da rede federal, quanto das universidades estaduais e da educação básica estadual. Foram aprovadas ainda moções em apoio aos povos palestino, do Saara Ocidental e do Haiti em suas lutas por autodeterminação, à greve geral argentina que acontece nesta terça-feira, entre outras.
Paulo Rizzo, presidente do ANDES-SN que participou, pela Secretaria Executiva Nacional (SEN) da CSP-Conlutas, da organização do encontro, afirmou que o balanço do encontro é positivo. “O encontro ocorreu em um momento importante, após o 2º Congresso Nacional da CSP-Conlutas, que já tinha tido participação expressiva de delegações internacionais. Houve muita unidade, e se afirmou a posição da Rede contrária aos ajustes que retiram direitos dos trabalhadores e a necessidade de prestar solidariedade às lutas dos trabalhadores pelo mundo”, disse Rizzo.
“A discussão sobre educação também foi muito importante, teve participação de educadores de vários países, e os relatos de todos mostraram que estão em lutas semelhantes às que travamos no Brasil, enfrentando contra-reformas e processos de privatização e mercantilização da educação”, afirmou o docente.
Fonte: ANDES-SN |