Tentativa de colocar a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) sob a ótica da visão empresarial, precarização das condições de trabalho, adoção do trabalho remoto e ausência da representação estudantil no debate. Esses foram alguns dos pontos levantados por integrantes da Diretoria da ADUA em plenária sobre o Programa de Gestão por Resultados (PGR) realizada pela Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (Progesp) da Universidade, na manhã da terça-feira (16), no auditório Rio Amazonas, na Faculdade de Estudos Sociais (FES).
A 1ª secretária da ADUA, professora Ana Cláudia Nogueira, ponderou que umas das primeiras questões para refletir é que o decreto que institui o PGR foi assinado no governo Bolsonaro, que não estava preocupado com as universidades e com os serviços públicos em geral. A docente afirmou que existe nesse modelo um grande dilema entre os interesses individuais e coletivos.
“Por que nós vamos ajudar a sucatear as universidades mais ainda? Qual é o sentido da adesão a um programa de gestão que foca no teletrabalho quando a gente for brigar por recurso, quando a gente for brigar por aumento de verba de custeio e de investimento, se a universidade vai estar esvaziada?”, questionou a docente.
O PGR, ainda não aderido pela Ufam, é uma ferramenta de gestão que visa disciplinar o desenvolvimento e a mensuração das atividades realizadas, com foco na entrega de resultados em duas modalidades, presencial e teletrabalho.
A ausência de estudantes na reunião foi criticada pelo 2º tesoureiro da ADUA, professor Jorge Barros, que enfatizou a necessidade da participação estudantil nas construções desses programas, pois a finalidade de uma universidade pública é totalmente diferente de uma universidade privada, não sendo coerente tratar resultados no mesmo sentido das empresas que visam lucro.
Entre outros pontos, o presidente da ADUA, professor Jacob Paiva, enfatizou que o movimento docente organizado no ANDES-Sindicato Nacional tem a premissa de que a formação inicial em qualquer curso deve ser presencial e que o trabalho presencial docente é condição fundamental para a realização qualitativa das atividades acadêmicas.
“A Ufam é uma instituição pública com sentido social, com alto grau de responsabilidade com o futuro do país, com o futuro da Amazônia e com futuro do Estado. As escolhas não são inocentes, se tomadas de forma açodadas podem trazer consequências negativas”.
O docente conclama que o debate seja feito no nível da complexidade que o tema exige, pois já existem estudos extremamente avançados e profundos sobre essa tentativa de colocar as instituições públicas na ótica da visão empresarial, tecnicista.
“O uso das tecnologias tem que ser entendido no contexto político geral. O desemprego em massa que as tecnologias estão gerando, a precarização do trabalho, leia-se a exploração do trabalho, estão ligados a esse processo de substituição do trabalho humano pelo uso das novas tecnologias da informação e comunicação”, completou Jacob Paiva.
Assista ao vídeo com resumo das falas da professora Ana Cláudia e do professor Jacob Paiva aqui.
Fonte: ADUA
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