Data: 09/06/2015
Após a ocupação do bloco de aulas do Instituto de Educação, Agricultura e Ambiente (IEAA), unidade acadêmica da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) em Humaitá, promovida pelos discentes desde a última sexta (5), os estudantes do campus da instituição em Parintins também resolveram suspender as atividades no local, em protesto contra o corte de recursos da Educação e a falta de condições para funcionamento do Instituto de Ciências Sociais, Educação e Zootecnia (ICSEZ).
Os discentes ocupam a sede do ICSEZ desde a noite desta segunda-feira (8) e na manhã desta terça-feira (9) aprovaram continuar o movimento paredista por tempo indeterminado. A decisão foi tomada em Assembleia Geral da categoria, que contou com a presença de aproximadamente cem estudantes e teve ainda a participação de docentes e técnicos da unidade acadêmica. Durante a instância deliberativa, eles discutiram os pontos da pauta de reivindicação.
De acordo com a estudante de Jornalismo e integrante do Movimento Estudantil do ICSEZ Jéssica Santos Silva, os graduandos lutam contra o contingenciamento de verbas e por melhores condições de infraestrutura no local. “A gente não tem estrutura necessária para fazer um curso de qualidade. Há demandas por melhores laboratórios, há casos de atraso no pagamento de bolsa de monitoria, houve o cancelamento no pagamento na ajuda de custo aos eventos”, afirma a graduanda.
“Somos parte da Ufam, temos a nossa realidade e as nossas demandas”, disse Jéssica, acrescentando que o temor da categoria era o desconhecimento sobre o que pode acontecer com a Ufam e a Educação de modo geral. “Se continuássemos de braços cruzados, a que ponto chegaríamos?”, questiona Jéssica, ciente de que a luta não será fácil. Segundo a estudante, o movimento encontra forte resistência por parte de professores contrários à mobilização, mas tem recebido apoio de outros docentes.
Rafael Bellan é um dos professores que manifesta solidariedade à mobilização dos estudantes. “Nossos alunos estão conscientes da conjuntura nefasta da educação superior e dos cortes orçamentários que já nos afetam. Eles tomam a dianteira, ensinando a muitos professores o valor da luta social. Nossa obrigação é apoia-los, visto que a pauta da defesa da educação pública é de todos nós”, afirmou.
Na avaliação de Bellan, os estudantes também lutam contra o descaso com as unidades de fora da sede. “Eles também estão indignados com o rótulo de periferia que foi atribuído aos interiores, principalmente no posicionamento de alguns docentes da capital, que ao não quererem contabilizar as decisões das unidades fora da sede, menosprezam o trabalho universitário desenvolvido nos municípios do Amazonas”.
De acordo com o estudante do 6º período de Serviço Social e também integrante do Movimento Estudantil do ICSEZ Wallace Batista, muitos discentes estão impedidos de participar de eventos científicos e culturais na instituição em virtude do corte de verbas. Segundo Batista, as atividades de extensão – que compõem com o ensino e a pesquisa o tripé da universidade – foram as mais afetadas. “Faltam recursos em vários programas”, disse.
O discente acrecenta que a unidade acadêmica já começa a sentir os impactos da falta didático. “Temos conhecimento que o próprio almoxarifado não está recebendo material”. Wallace também levantou preocupação com as condições dos laboratórios dos cursos de Jornalismo e de Educação Física, nos quais, segundo ele, “os recursos são parcos”.
Conforme o movimento estudantil, a categoria reivindica ainda a disponibilidade de espaço para realização de atividades práticas do curso de Administração, da fazenda experimental para o curso de Zootecnia e salas adequadas para o curso de Artes Plásticas.
A estudante de Jornalismo Jéssica Santos lembra que essa “é a primeira vez que os estudantes se uniram para cobrar respostas às demandas” discentes. “A mobilização é forte e precisa continuar, com apoio dos professores e técnicos”, encerrou.
Imagens: Movimento Estudantil do ICSEZ
Fonte: ADUA |