Data: 23/05/2015
 Circular pela capital amazonense utilizando o transporte público não é das tarefas mais fáceis, sobretudo em virtude dos problemas que permeiam o sistema, entre eles a falta de informações em uma das áreas mais demandadas pela população. Para amenizar o problema, os usuários do transporte coletivo têm à disposição uma página destinada a esclarecer dúvidas sobre os ônibus da cidade. É o Na Parada - Guia de ônibus de Manaus, criado há pouco menos de um ano pelo designer e professor voluntário da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) Diego Araújo. A iniciativa, gratuita, vem crescendo nos últimos meses.
Lançado oficialmente no Facebook em agosto do ano passado, o ‘Na Parada’ surgiu a partir da aliança forjada entre as necessidades de Diego elaborar um trabalho de graduação e de se locomover diariamente pela cidade. “Precisava apresentar uma revista impressa como trabalho final da disciplina ‘Produção e Análise Gráfica’ sobre um determinado tema. Aproveitei para juntar as duas coisas, pois sempre gostei de transporte coletivo”, afirmou Diego. “Eu sempre anotava as linhas. Era um hobby, uma loucura”, continuou, exibindo, no computador, um banco de dados no qual inseria as informações sobre as linhas que circulam pela capital.
 A falta de informações de qualidade sobre o transporte coletivo, diz o designer, foi preponderante para a definição do projeto. “Era onde podia atuar como design: no processo informativo. Todo mundo tem um smartphone, tem internet e acessa com frequencia. Por isso, resolvi lançar uma página com os dados que eu já havia reunido”, explicou.
A aplicação do conhecimento acadêmico em uma proposta de interesse social gerou resultados que até hoje surpreendem o criador do guia. “Mil curtidas [na página] pra mim era um sonho distante. No primeiro dia foram cem curtidas. Até dezembro do ano passado, já eram 5 mil. Começamos a chamar atenção da mídia e a procura pelo serviço cresceu ainda mais”, disse. Atualmente, a página conta com quase 14 mil seguidores.
Nessa mídia social virtual, o guia informa as rotas que podem ser usadas para circular pelas principais vias e pontos da capital. Além disso, responde as dúvidas encaminhadas pelos seguidores. “Por eu ser usuário, conheço o transporte muito melhor que se andasse de carro”, avalia. A página também indica as opções para chegar aos pontos turísticos da cidade, shoppings e até eventos promovidos na capital.
A iniciativa também conta com seções fixas, a exemplo de “Como faço para ir?”, “Linha em Destaque” e a “Enquete”. “O mais importante é o feedback da população”, afirma o professor, destacando que algumas postagens chegam a alcançar 90 mil pessoas semanalmente. “A página é informativa, cômica, séria e gera discussões”, destaca. O Na Parada está presente ainda no Instagram.
Quem preferir, pode tirar esclarecer dúvidas pelo WhatsApp, por meio do contato 99474-4060. “O serviço consiste em disponibilizar o contato para responder as perguntas dos usuários. Por exemplo: estou na Ufam e quero ir à Ponta Negra. Como faço?’”. A resposta não é instantânea, alerta Araújo. “Hoje há tantos pedidos de informação, que o sistema chega a travar. Por isso, começamos a responder a partir das 19h, no caso desse aplicativo”, informa. O ideal é que as pessoas procurem o serviço com antecedência. A média é de 80 a 90 mensagens diárias.
Colaboradores
 O designer não responde tudo isso sozinho. Ele conta com o apoio de dois colaboradores: o engenheiro químico formado pela Universidade do Estado do Amazonas Gabriel Pinheiro e o acadêmico de Design da Ufam Kelvin Dinelli. “Como sempre observei a questão do transporte coletivo, adquiri um conhecimento das linhas e rotas. Juntamos o conhecimento de cada membro para contribuir com a população”, disse Gabriel.
Também interessado no assunto, Kelvin explica de onde vem a motivação. “Sempre fui um entusiasta sobre o transporte, sei de muitas informações sobre linhas e itinerários de ônibus, então, por quê não compartilhar isso com a população? Por quê não ajudar aqueles que procuravam uma informação sobre isso, mas não tinham onde encontrar?”, questiona.
Com a paixão pelo tema e a dedicação ao trabalho feito voluntariamente, o trio passou a ter acesso, inclusive, ao poder decisório sobre o sistema de transporte público. "Nossa meta era chegar lá e poder participar das decisões. Conseguimos!”, afirma Diego, satisfeito. “A gente não ganha um centavo por isso”, destaca o professor, ao acrescentar o porquê de não aceitar parcerias com o sistema público. “Eu não abro mão da nossa isenção”, reforça.
Diego afirma que, por meio da iniciativa, vai continuar lutando pela melhoria no transporte coletivo que serve a comunidade acadêmica. “Aqui no Campus, por exemplo, a linha 125 deixaria de ir até o Centro. Seguiria até o Terminal 1 [Constantino Nery] e voltaria. Fizemos uma postagem sobre essa mudança e entregamos um relatório à SMTU [Superintendência Municipal de Transportes Urbanos sobre a repercussão. Eles viram o feedback e vetaram a hipótese da alteração no itinerário”, conta.
Agora, o trio tenta conseguir uma linha que faça o trajeto do Terminal 3, na Cidade Nova, até o Campus Universitário, passando pela Avenida das Torres, um dos corredores viários mais recentes da capital. A proposta visa atender uma reclamação antiga de professores, técnicos e, principalmente, estudantes que têm apenas uma opção direta para a sede da Ufam, feita por uma linha que passa pelas zonas Norte e Leste da capital, num percurso longo e demorado. “O que mais recompensa é o retorno da população, é o que nos motiva a continuar, pois o nosso interesse é ajudar, é influenciar de maneira positiva”, encerra.
Fonte: ADUA |
