Data: 14/05/2015
Os docentes da Universidade Federal do Amazonas aprovaram, com 67 votos favoráveis, o indicativo de greve para o dia 29 de maio. A decisão foi tomada em Assembleia Geral (AG) encerrada no início da tarde desta quinta-feira (14) na sede da Associação dos Docentes da Ufam (ADUA). Com essa deliberação, a categoria se soma a professores de outras universidades públicas que também deliberaram pelo movimento paredista. Até o momento, 14 Instituições federais de Ensino (Ifes) decidiram pelo indicativo de greve.
Mais de 120 docentes sindicalizados e não filiados compareceram à Assembleia Geral, além de técnico-administrativos e discentes. O auditório da ADUA, com capacidade para 80 pessoas, ficou pequeno para o número de participantes. Dos cem votantes, apenas 30 se posicionaram contra o indicativo. Houve ainda três abstenções.
Uma nova AG está marcada para o dia 27 deste mês, em local a ser definido pelo Comando Local de Mobilização (CLM), na qual a categoria irá deliberar sobre a deflagração do movimento paredista. “Se aprovada a deflagração da greve, a deliberação deverá ser comunicada à Reitoria num prazo de 48 horas anterior ao dia da deflagração (29 de maio)”, presidente da Adua, professor José Alcimar.
Análise de Conjuntura
Iniciada pelo presidente da Adua, às 10h30 desta quinta-feira, a AG contou com informes sobre o cenário atual do país, em que se destacam medidas de retirada de direitos dos trabalhadores e ainda corte nos recursos destinados à Educação. “A política de ajuste fiscal do governo tem implicado em desajuste social”, disse Alcimar, referindo-se às condições de acesso e permanência dos trabalhadores e estudantes das universidades federais, onde as condições de ensino, pesquisa e extensão, na avaliação do sindicato, estão cada vez mais precarizadas.
O 1º vice-presidente da Regional Norte I do ANDES-SN, Antônio José Vale da Costa, destacou durante, os informes, que concomitante à AG para a deliberação sobre o indicativo de greve, ocorria também a segunda reunião de negociação entre representantes do funcionalismo público e do governo, em Brasília, voltada a discutir a pauta conjunta dos trabalhadores. O resultado desse encontro deve ser avaliado nesse fim de semana pelo ANDES.
Favorável “absurdamente” à aprovação do indicativo, a professora do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL) da Ufam Patrícia Sampaio alertou para o desmonte da Educação Superior Pública, citando o caso da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde as aulas foram suspensas nas faculdades de Comunicação Social e de Direito devido o atraso no pagamento de empresas que cuidam da limpeza e da segurança da instituição. “Não há recursos para a participação dos professores em congressos. O processo de terceirização dentro da universidade já está anunciado, não é uma paranoia. Os cortes para ciência e tecnologia não começaram agora. Por isso, eu voto pelo indicativo de greve nessa assembleia”, completou a docente.
Também favorável ao indicativo, o docente do Instituto de Ciência Biológicas (ICB), Welton Yudi Oda, criticou o slogan do governo “Brasil, Pátria Educadora”, ao fazer um contraponto com os milhares de professores do ensino básico da rede pública que estão em greve em todo o país. “Antes eu via os professores da Educação Básica sobrecarregados e ficava preocupado. Hoje eu tenho inveja da luta deles. Hoje eu tenho que dar aula na graduação e pós-graduação e ainda no Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (Parfor) para tentar ter uma qualidade de vida. Nós não queremos fazer uma greve que se arraste por meses, até porque o sindicato não tem dinheiro para arcar com isso, queremos pressionar o governo para que as respostas venham logo”, afirmou Oda.
Com posicionamento contrário ao indicativo de greve, a professora e diretora do ICB, Sônia Carvalho classificou a atual conjuntura do país como inadequada para a realização de reivindicações, com o movimento correndo o risco de sair desmoralizado caso a greve seja deflagrada e a categoria não consiga ter a pauta atendida. A docente levantou ainda a discussão sobre a migração dos discentes das universidades públicas para instituições privadas, o que faz com que o governo entenda que as universidades que essas últimas formam mais que as instituições públicas.
Ato Público
Antes da AG, professores, técnico-administrativos e estudantes da Ufam realizaram um ato público no Bosque da Resistência, na entrada do Campus Universitário, para marcar o Dia Nacional de Paralisação das Instituições Federais de Ensino (Ifes) e dos Servidores Públicos Federais (SPF). A mobilização teve como objetivo alertar a comunidade acadêmica e a sociedade em geral sobre os prejuízos decorrentes do corte de recursos destinados à Educação e que afeta diretamente as atividades de ensino, pesquisa e extensão nas universidades brasileiras.
“Hoje é um dia de advertência ao governo federal, para que abra efetivo canal de negociação com os servidores públicos federais e dê respostas à pauta unificada da categoria, que inclui, entre outras coisas, mais verbas para o funcionalismo público, estruturação da carreira dos trabalhadores e melhores condições de trabalho”, disse o 1º secretário do ANDES-SN, Jacob Paiva.
Fonte: ADUA |