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Professores defendem ‘capital invisível’ do Campus Universitário da Ufam



Debate sobre a Política Ambiental da universidade chama atenção para o “valor” da área verde para a cidade de Manaus.

Lançada oficialmente no dia 11 de junho do ano passado, a Política Ambiental da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) – norma que define os princípios, objetivos, instrumentos, valores e práticas ambientais no Campus Universitário – foi tema de debate nesta quarta-feira (22), na sede da ADUA, promovido pelo Movimento Educar para a Cidadania. Durante o encontro, professores destacaram a necessidade de valorização do “capital invisível” em que se constitui a área da sede da instituição.

Com mais de 30 anos de trabalho na Ufam, o professor Departamento de História, Aloysio Nogueira, um dos convidados para a mesa de debate a respeito do tema, afirma que só há avanços – no Campus e na cidade – quando se respeita a vocação local. “Não foi o caso da história de Manaus: os últimos governos não respeitaram a vocação da cidade, que hoje apresenta vários problemas de ordem ambiental”, disse, ao citar processos de intensificação da degradação da Bacia do Tarumã, na zona Oeste da capital.

Durante o debate, o professor Aloysio Nogueira exibiu dois vídeos com experiências distintas de compromisso do poder público com a recuperação de áreas degradadas. O primeiro deles sobre a recuperação ambiental do rio Cheonggyecheon, em Seul, considerada referência mundial em humanização de cidades. Em praticamente dois anos, a capital sul-coreana teve a paisagem do centro urbano restaurada, garantindo a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. No outro caso apresentado, a recuperação do rio Tietê, cujo projeto de despoluição do maior rio paulista já dura mais de duas décadas, o trabalho ainda não apresentou resultado: um trecho de 71 quilômetros continua “morto”.

De volta à realidade local, ao retomar a Política Ambiental da Ufam, frisa o professor, “é importante realizar uma investigação séria sobre o valor e a importância do campus para a cidade”, para além das informações já conhecidas. A sede da Ufam está localizada em um dos maiores fragmentos verdes em área urbana do Brasil, numa área de 6,7 milhões de metros quadrados, e que abriga espécies da fauna e flora, bem como fontes naturais de água.

“Nós sabemos, por exemplo, quantas nascentes existem na APA Ufam? Sabemos que tipo de riscos a possível eliminação delas pode trazer para os canais hidrográficos situados próximos à universidade?”, questiona a professora do Departamento de Geografia Adorea Rebello. Para ela, a reflexão sobre questões dessa natureza deve se dar antes das discussões a respeito da política ambiental. “Temos aqui um ‘capital invisível’ que tem relação direta com a nossa qualidade de vida”, destacou.

A abrangência do Campus Universitário representa 88% da Área de Proteção Ambiental (APA) Ufam, de aproximadamente 7,6 milhões de metros quadrados, que a universidade integra juntamente com os fragmentos florestais do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), do Condomínio Residencial Eliza Miranda, da Lagoa do bairro Japiim e da área verde do conjunto Acariquara, englobando as zonas Sul e Leste da capital amazonense, conforme o Decreto no 1.503, publicado no Diário Oficial do Município no dia 27 de março de 2012.

A medida da prefeitura de Manaus, com a criação dessa e de outras quatro APAs nos limítrofes da cidade, se soma a outras iniciativas para assegurar a proteção e preservação dos fragmentos florestais urbanos. Mas, o cuidado com esses recursos naturais não se esgota com a publicação desse dispositivo legal. Pelo contrário, a norma reforça a necessidade de atuação efetiva de professores, técnico-administrativos, estudantes e a sociedade em geral na defesa desse espaço.

A política ambiental da Ufam enfatiza a preservação, a conservação e a sustentabilidade ambiental a serem observadores nos segmentos administrativos e nas práticas de ensino, pesquisa e extensão na instituição. A norma está assentada sobre treze eixos, entre os quais zoneamento ambiental, consumo consciente, proteção da fauna e da flora, gestão de resíduos e eficiência energética. Mas, nada disso tem sentido, na avaliação do professor aposentado Menabarreto França, se não houver o envolvimento da comunidade.

E para você, qual o valor do Campus?

Fonte: ADUA



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