Apesar dos protestos da comunidade acadêmica, sob o mote “A UFRJ não está à venda”, um terreno do campus da Praia Vermelha da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) foi leiloado na quinta-feira (2). A Diretoria do ANDES-SN emitiu Nota de Repúdio contra a ação, que, na prática, marca mais um capítulo do processo de privatização, com a cessão de área pública da universidade para a iniciativa privada.
O movimento que tentou pressionar para que o leilão não ocorresse foi organizado pelo ANDES-SN, pelo Sindicato de Trabalhadores da UFRJ (Sintufrj), DCE Mário Prata e Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra). A coordenadora-geral do Sintufrj, Marta Batista, classificou a ação como vergonhosa e que a condução do processo se deu forma “antidemocrática e açodada”.
“A falta de democracia que caracteriza o processo desde sua proposição açodada no Consuni, sem debates, sem a devida participação da comunidade acadêmica, se repetiu na segunda tentativa de leiloar mais de 15 mil m² do campus”, afirmou a Diretoria Nacional do ANDES-SN.
Em troca da cessão, de ao menos 30 anos, sem limite de prorrogação, a empresa vencedora estaria comprometida com algumas contrapartidas à universidade, como a conclusão de obras inacabadas e novas instalações.
A crítica também é que além da universidade perder importante espaço de natureza utilizado para projetos de extensão e atividades das unidades de saúde mental do campus, a cessão de espaço objetiva lucro do capital e instalação de uma casa de shows que não representaria retorno à universidade.
Leia a nota na íntegra:
NOTA DA DIRETORIA NACIONAL DO ANDES-SN DE REPÚDIO AO LEILÃO DO TERRENO DO CAMPUS DA PRAIA VERMELHA DA UFRJ
A Diretoria do ANDES-SN repudia o leilão do terreno do campus da Praia Vermelha da UFRJ, no dia 2 de fevereiro, quando ocorreu mais um capítulo do processo de privatização de parte substancial do terreno do campus da Praia Vermelha da UFRJ, sob protestos da comunidade acadêmica.
A falta de democracia que caracteriza o processo desde sua proposição açodada no Consuni, sem debates, sem a devida participação da comunidade acadêmica, se repetiu na segunda tentativa de leiloar mais de 15 mil m² do campus.
O leilão foi realizado no edifício Ventura, cuja segurança formou cordão de isolamento para impedir que dezenas de cidadãos - discentes, técnicoadministrativo(a)s e docentes da UFRJ - acompanhassem um leilão que deveria ser público. Como pretexto para esse cerceamento, a equipe de segurança alegou que se tratava de espaço privado em que normas de publicidade regular da administração pública não se aplicavam e que não havia cadeiras suficientes para todo(a)s, além do argumento de queque, pela pandemia, não seriam permitirias aglomerações.
Após negociações, foi permitida a entrada de cinco (05) representantes das entidades, que verificaram que havia muitos lugares vazios. Frente a essa constatação, os representantes reivindicaram ao reitor em exercício que permitisse que o leilão público fosse acompanhado pela multidão que aguardava do lado de fora, enquanto o leiloeiro ameaçava retirar à força todo(a)s o(a)s presentes. No entanto, o reitor não se dispôs a responder aos apelos, recusando qualquer horizonte de diálogo democrático, preferindo obedecer aos interesses do(a)s empresário(a)s presentes.
Atendendo aos apelos de empresário(a)s, a coordenação do leilão determinou que este seria realizado posteriormente a portas fechadas, com a presença apenas das empresas, sem comunicação ao público em geral de seu local e horário. Mais tarde, a imprensa patronal revelou que o leilão secreto ocorreu em seguida e teve como vencedor o polêmico lobista Kleber Leite, ex-presidente do Flamengo, envolvido no escândalo de corrupção "Fifagate".
Não à privatização.
Não ao autoritarismo na gestão universitária.
Gestão do espaço público das IES nas mãos da sua comunidade
Brasília (DF), 07 de fevereiro de 2023.
Diretoria Nacional do ANDES-SN
Foto: Sintufrj
Fontes: ADUA com informações do ANDES-SN e Sintufrj
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