Os docentes da Universidade Estadual do Pará (Uepa) decidiram, em assembleia realizada nesta segunda-feira (30), iniciar greve em conjunto com os estudantes nos campi do interior e da capital da universidade. A categoria luta contra os sucessivos cortes no orçamento, que têm comprometido as estruturas físicas dos campi, principalmente, as do interior do estado, prejudicando as condições de ensino, pesquisa e extensão da Uepa.
Os docentes da Uepa também reivindicam a implementação do Plano de Cargos, Carreira e Salários (PCCR), melhorias das condições de trabalho e ensino de qualidade, discussão do programa de assistência estudantil, realização de novo concurso público, além do cumprimento de acordos firmados com o governo do estado, como o não pagamento do reajuste salarial dos professores, conforme o acordo feito na greve de 2012, a partir do piso nacional de 13,51%.
Segundo Zaira Fonseca, diretora da Seção Sindical dos Docentes da Uepa (Sinduepa Seção Sindical do ANDES-SN), a pauta de reivindicações foi entregue no dia 4 de fevereiro ao governo do Pará, que, até o momento, não estabeleceu uma mesa de negociação. “De 2013 até o presente momento, nós sofremos cortes sistemáticos no orçamento da universidade para investimento, cerca de 89% de variação de corte a menos, e isso gerou um processo de estrangulamento e sucateamento na instituição, causando uma inviabilidade das atividades nas universidades, principalmente nos 15 campi do interior do estado. Estamos com 5 campi parados atualmente”, explica.
Negociação
Zaira Fonseca afirma que os docentes, após a paralisação do dia 19 de março, se reuniram com José Megale, chefe da Casa Civil do Estado do Pará, que se prontificou, na ocasião, a estabelecer imediatamente uma mesa de negociação. No entanto, no mesmo dia, o governo respondeu que só poderia receber os docentes a partir da segunda quinzena de abril. Com isso, na última quarta-feira (25) os professores da Uepa deflagraram estado de greve. “A categoria entendeu que esse prazo [estabelecido pelo governo] estava muito dilatado e resolveu aprovar o estado de greve para forçar uma mesa de negociação, o que não foi atendido”, conta. Diante da negativa do governo em negociar imediatamente, os professores deflagraram greve nesta segunda.
Precarização
O déficit de professores efetivos na Uepa é em torno de 1,2 mil. Os laboratórios e bibliotecas estão sucateados, sem manutenção, sem materiais e impróprios para o uso, explica Zaira. Ela conta que há casos em que bibliotecas e laboratórios estão fechados há anos por conta de obras. “Os núcleos do interior do estado vivenciam um conjunto de problemas em nível estrutural e de manutenção das atividades de ensino, de pesquisa e de extensão. São tantos os problemas estruturais que a questão salarial acabou ficando secundária”, ressalta.
Os campi do interior estão abandonados, sem banheiros, sem manutenção elétrica ou de esgoto. “É fundamental reforçar o estado de precarização da universidade que é um ponto de unidade nossa com toda a categoria da educação, estamos unificando a nossa pauta de luta com a Educação Básica. A educação não está sendo prioridade para esse governo”, lamenta a docente.
Imagem: Divulgação
Fonte: ANDES-SN |