Entre 2019 e 2022, durante o mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a área derrubada na Amazônia atingiu 35.193 quilômetros quadrados. O tamanho é maior do que os estados de Sergipe e Alagoas juntos. Na comparação com os quatro anos anteriores, o aumento no desmatamento foi de quase 150%, conforme dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) obtidos via monitoramento por satélite e divulgados no último dia 18.
Somente em 2022, o desmatamento na região bateu o quinto recorde anual seguido e atingiu a maior destruição dos últimos 15 anos, quando começou a série histórica da pesquisa do Instituto. No ano passado, a floresta perdeu 10.573 quilômetros quadrados de área, em média quase 3 mil campos de futebol por dia.
No total, 80% das áreas desmatadas no ano passado pertencem ao governo federal. Nesses territórios, a devastação cresceu 2% em relação a 2021. Apenas 11% do desflorestamento ocorreu em terras estaduais, mas foi nelas onde houve o maior salto de devastação de um ano para o outro: 11%.
“Esperamos que esse tenha sido o último recorde de desmatamento reportado pelo nosso sistema de monitoramento por satélite, já que o novo governo tem prometido dar prioridade à proteção da Amazônia", afirmou a pesquisadora do Imazon, Bianca Santos.
Para atingir a redução dos índices, a cientista afirma que será preciso "máxima efetividade" no combate ao desmatamento, como a retomada da regularização de terras indígenas, a reestruturação dos órgãos de fiscalização e do estímulo à geração de renda com a floresta em pé.
Corrida da derrubada
Com uma margem de diferença, os dados do Imazon são compatíveis com os Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados no início de janeiro. Ambos os monitoramentos apontaram uma corrida pela devastação da floresta em dezembro de 2022, quando a derrubada aumentou 105% em relação ao mesmo mês de 2021, batendo o recorde da série histórica do Instituto.
O coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia do Imazon, Carlos Souza Jr., afirmou que houve uma "corrida desenfreada para desmatar enquanto a ‘porteira estava aberta para a boiada’". A alta da destruição é compreendida como uma reação ao início do governo Lula, que prometeu zerar o desmatamento até 2030.
AM no topo
Desde 2019, Pará, Amazonas e Mato Grosso lideram o ranking estadual de desmatamento do Imazon. Em 2022, eles foram responsáveis por 76% de toda a floresta derrubada. O maior aumento de um ano para o outro ocorreu no Amazonas e foi de 24%. O Imazon diz que o principal foco é na tríplice fronteira estadual Acre e Rondônia, área conhecida como “Amacro”, junção das siglas dos estados.
Nessa região se consolidou uma nova frente de expansão agropecuária durante o governo Bolsonaro, impulsionada pelo enfraquecimento da fiscalização e o incentivo ao agronegócio predatório. “Estamos alertando sobre o crescimento do desmatamento na ‘Amacro’, pelo menos, desde 2019, porém não foram adotadas políticas públicas eficientes de combate à derrubada na região, assim como em toda a Amazônia, resultando nesses altos números de destruição em 2022”, lamentou Carlos Souza Jr.
Fontes: Brasil de Fato e Imazon com edição da ADUA
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