O Tribunal de Contas da União fiscalizou dez universidades federais no país e encontrou uma série de problemas: instalações elétricas de alto risco, falhas na prevenção de incêndios e falta de acesso para os alunos com deficiência.
Na Universidade Federal do Pará, em Belém, foram construídas rampas de acesso no campus, mas a falta de manutenção e os desníveis dificultam a movimentação dos portadores de necessidades especiais.
Ednaldo é estudante de nutrição e sofre para chegar à biblioteca central. “As passarelas para chegar aqui, elas realmente não têm acesso nenhum”, afirma.
A Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em Natal, já iniciou as obras para melhoria de acessibilidade, mas os técnicos do TCU descobriram que os prédios não têm habite-se, o documento que reconhece que o imóvel foi construído atendendo à legislação.
Mesma situação identificada na Universidade Federal do Amazonas, em Manaus, onde os fiscais também constataram a inexistência de brigada de incêndio.
Problemas como esses foram encontrados em universidades federais de dez estados. O Tribunal de Contas da União aprovou em janeiro o relatório das fiscalizações feitas ao longo do ano passado e encaminhou uma série de recomendações às reitorias.
“O TCU encontrou problemas crônicos na estrutura das universidades federais. Fixamos prazos e estamos aguardando que as universidades nos apresentem um cronograma para que essas determinações e recomendações sejam observadas”, afirma o ministro Bruno Dantas.
A falta de acessibilidade também é um problema na Universidade Federal Rural do Rio. Mas, além disso, os auditores do TCU encontraram outras carências, como a questão elétrica, que, aliás, foi responsável pelo adiamento do início das aulas por duas semanas. Uma pane no sistema elétrico da universidade derrubou o sistema de internet e impediu a matrícula dos estudantes.
Caminhando por alguns dos 12 prédios da universidade é fácil ver o que os auditores encontraram. Nos corredores, quadros elétricos sem proteção e pisos quebrados. Os disjuntores à mostra em salas de aula, que têm ainda marcas de infiltrações de água, tacos soltos e forração mofada. Em algumas salas, faltam aparelhos de ar condicionado.
E nas que têm, os alunos também sofrem. “Falta manutenção, há um ano pedindo, dois anos. E não é feito”, afirma uma aluna.
O único elevador para deficientes está sem funcionar há bastante tempo.
A universidade diz que o campus é tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural, o que dificultaria a realização de algumas obras. A reitoria informou que já está providenciando a solução das recomendações feitas pelo TCU.
Mas na caminhada pelo campus é possível ouvir muitas reclamações de um outro problema que também aflige os estudantes: “A segurança à noite, a falta de iluminação. Nós andamos com muito medo”, diz uma aluna.
“Eu estudo aqui à noite e realmente a questão de segurança é péssima”, afirma outra aluna.
Sobre essa reclamação da falta de segurança, a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro disse que reforçou o patrulhamento da guarda universitária na área interna e que a PM mantém uma viatura em frente ao campus à noite.
As federais do Pará, do Amazonas e do Rio Grande do Norte informaram que têm obras em andamento ou projetos para atender as recomendações do TCU.
O Ministério da Educação declarou que as universidades têm gestão autônoma e que recebem orçamento para custeio e investimento - inclusive para obras de acessibilidade.
Fonte: Portal G1 |