Pouco antes da confirmação da saída de Cid do ministério, o PMDB havia ameaçado romper com o governo caso o ministro não fosse demitido. Assim que deixou o prédio do Legislativo, o ministro foi chamado para uma conversa com a presidente Dilma Rousseff. Antes da confirmação oficial de sua saída, Eduardo Cunha já havia informado a imprensa que Cid havia caído.
No início da noite, em uma nota de quatro linhas, o Planalto agradeceu a permanência de Gomes no cargo. "A presidenta agradeceu a dedicação do ministro à frente da pasta", diz o texto.
Declarações no Pará
O pedido de explicações da Câmara surgiu após uma declaração do ministro para professores e reitores durante uma visita à Universidade Federal do Pará. Um áudio com a fala do ministro, capturada no dia 27 de fevereiro, foi publicado no dia 4 deste mês, no Blog do Josias, do UOL.
"Tem lá uns 400 deputados, 300 deputados que quanto pior melhor para eles. Eles querem é que o governo esteja frágil porque é a forma de eles achacarem mais, tomarem mais, tirarem mais dele, aprovarem as emendas impositivas".
'Menino mimado'
A fala de Cid desta tarde incomodou e foi criticada por vários parlamentares. Alguns deles chegaram a recomendar sua saída na tribuna.
Pouco depois, ao retomar a fala, Cid fez novas acusações e abandonou o plenário da Câmara, quando foi acusado de fazer "papel de palhaço" pelo deputado Sérgio Zveiter (PSD-RJ), partido da base aliada.
Após a demissão, o líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), disse que Cid se comportou como "menino mimado".
"Não esperávamos outra atitude que não fosse essa. O que ele demonstrou aqui foi falta de formação democrática, de formação republicana. Ele saiu daqui como um fanfarrão porque veio aqui, falou o que quis, ouviu o que não quis, saiu como menino mimado. Fiquei com uma péssima impressão dele como homem público. Agente incapaz de exercer a função pública", disse o líder do PMDB após a demissão de Cid.
Eleições e ministério
Ex-integrante do PSB, Cid Gomes chegou ao ministério por ter se mantido fiel a Dilma Rousseff.
Ele rejeitou a candidatura própria do partido à Presidência – a legenda teve a ex-senadora Marina Silva como candidata após a morte do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos. O grupo ligado a Cid Gomes, que inclui o irmão Ciro Gomes, deixou o PSB em setembro de 2013 e se filiou ao Pros (Partido Republicano da Ordem Social).
O candidato dos Gomes, Camilo Santana (PT), acabou se elegendo governador. Santana foi secretário do Desenvolvimento Agrário e das Cidades durante a gestão de Cid.
Fonte: UOL/ Brasília
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