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  04/12/2022


Nota Pública da ADUA sobre a proposta de calendário acadêmico da UFAM



 

A ADUA - Seção Sindical do ANDES-SN se posiciona sobre o Calendário Acadêmico 2023/2024 da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), diante da proposta da Câmara de Ensino de Graduação de alterar a regularização do ano civil ao ano acadêmico em 2024, contrariando a proposta do calendário atual, o qual previa a regularização apenas em 2025.

 

Leia a nota: 

 

 

EM DEFESA DA VIDA: NOTA SOBRE A PROPOSTA DE CALENDÁRIO ACADÊMICO DA UFAM

 

Em 2020 e 2021, o mundo e o Brasil foram surpreendidos tragicamente com aparecimento de uma pandemia causada pelo vírus letal da covid-19, que afligiu o mundo todo e igualmente exigiu da ciência uma saída para conter a calamidade que se abateu de forma mais perversa sobre a classe trabalhadora.

 

Entre as diversas ações que objetivavam a manutenção da vida, o desenvolvimento de uma vacina era a mais esperada. Veio depois de muitas dificuldades e resistências, adicionadas ao negacionismo e boicote do Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, que, em meio ao cenário de devastação e morte, chegou a debochar das pessoas vitimadas pela pandemia. Este capítulo à parte da história da tragédia brasileira não permanecerá impune.

 

No Brasil, país atravessado pela mais extremada desigualdade social entre as maiores economias do mundo, a pandemia penalizou mais duramente os já penalizados e as penalizadas. As instituições tiveram suas rotinas, processos, procedimentos e projetos alterados, adaptados, justificados ou remodelados. As pessoas, suas vidas perdidas e as famílias dilaceradas.

 

A Universidade Federal do Amazonas diante da tragédia decidiu, a partir de suas instâncias, suspender o calendário regular e cancelar um período letivo, adotando novas “ferramentas” de ensino para substituir provisoriamente a presença física na relação pedagógica. O recurso às mediações tecnológicas para desenvolver o ensino remoto explicitou ainda mais a desigualdade social que oprime a vida da maioria das estudantes e dos estudantes.  Os prejuízos se mostraram incalculáveis, seja na perspectiva metodológica, didática ou emocional. Talvez levemos décadas para termos a devida dimensão do que foi a pandemia da covid-19 e suas consequências.

 

O desenvolvimento da vacina e a vacinação em massa da população contribuíram para arrefecer as consequências da pandemia, permitindo que a Universidade retomasse suas atividades acadêmicas num patamar mínimo de regularidade.  Desde então tem-se a perspectiva da necessidade “de recuperação do tempo perdido”, como se isso fosse possível, e assim estabelecer uma “certa normalidade”. Em nome de tal anseio, o Calendário Acadêmico foi redimensionado para que o período letivo se realizasse com a duração máxima de 100 dias. Essa é a proposta em vigência.

 

No entanto, na última semana, a Comunidade Universitária foi surpreendida com o estudo e uma proposta de redução dos dias letivos de 100 para 85.

 

A ADUA – Seção Sindical julga necessárias algumas ponderações sobre essa proposta:

 

1) É preciso superar a perspectiva da possibilidade de “recuperar” o tempo perdido, de se retornar a chamada “normalidade”. É preciso aceitar que não é possível recuperar os prejuízos emocionais, físicos e acadêmicos causados pela pandemia. 

 

2) Uma proposta de tal envergadura, por sua natureza e implicações, não pode ser objeto de deliberação apenas dos Conselhos Superiores ou Instâncias deliberativas, mas de toda a Comunidade Universitária.

 

3) Reduzir o tempo dos semestres letivos pode gerar a sensação de que é algo bom, funcional, mas a que custo? A Comunidade Universitária está ainda emocional e fisicamente afetada pela pandemia, e as sequelas da infecção têm se manifestado de diversas maneiras. O atual Calendário Acadêmico, de 100 dias letivos por período, já é por demais pesado. Tem-se pouca margem para descanso ou restabelecimento das energias vitais. Reduzi-lo para 85, em nome de uma “recuperação” do tempo perdido, é desconsiderar o adoecimento manifesto e latente em toda Comunidade Universitária, o que pode contribuir para agravar ainda mais esse quadro socialmente enfermiço.

       

 

Manaus (AM), 04 de dezembro de 2022

Diretoria da ADUA – Seção Sindical

Biênio 2020-2022



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