Mais um reflexo da propagação do discurso de ódio e intolerância, um ataque a duas escolas desencadeou a morte de quatro pessoas, entre elas uma criança de 12 anos de idade, e o ferimento de outras 12 pessoas, no último dia 25, em Aracruz (ES). O atirador foi um jovem de 16 anos que usou armas do pai, um tenente da Polícia Militar, e roupas com inscrições nazistas. O ANDES-SN emitiu uma nota sobre os ataques.
Os ataques nas duas escolas, uma da rede estadual e outra privada, vitimaram a estudante Selena Sagrillo, de 12 anos, as professoras Maria da Penha Pereira de Melo Banhos, de 48 anos, Cybelle Passos Bezerra, de 45 anos, e a colaboradora do Grupo de Estudos em Temáticas Ambientais (Gesta), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Flávia Amboss Merçon Leonardo, de 38 anos.
O caso ainda está sob investigação, mas o que já se sabe é que o pai do atirador chegou a publicar em suas redes sociais o livro “Minha Luta”, do ditador nazista Adolf Hitler.
Em quatro anos do (des) governo de ultradireita de Jair Bolsonaro – marcado por discursos de ódio e defesa da ditadura militar e uma política de liberação de porte e comércio de armas –, o país vivencia hoje a escalada da setores de extrema direita e de neofascistas.
Um levantamento, divulgado no início de 2022, revelou que células de grupos neonazistas cresceram 270% no Brasil, entre janeiro de 2019 e maio de 2021, e se espalharam por todas as regiões. Segundo o mapa elaborado pela antropóloga Adriana Dias, há, pelo menos, 530 núcleos extremistas, que têm em comum o ódio contra negros, negras, judeus, pessoas LGBTs e feministas.
Em nota publicada na segunda-feira (28 de novembro), o ANDES-SN afirmou que é notório que com a ascensão de Bolsonaro, a intolerância política e a política armamentista, se constituíram como combustíveis para o aumento de atentados e todo o tipo de ameaças contra a vida e a democracia. “Há um projeto em curso que prima pelo ódio como política, o fascismo como sociedade ideal. O próprio crescimento de células de grupos neonazistas no Brasil expressa esse tempo”, afirma o Sindicato Nacional. Leia a nota completa aqui.
O diretor da ADUA, professor José Alcimar de Oliveira, comenta que a luta contra a ideologia (fascista e nazista) do ódio é uma montanha a ser transposta. O docente afirma que não se trata de ódio ‘comum’, impossível de ser erradicado da condição humana, mas da organização (manipulação) política do ódio.
“Como superar a política do ódio? Como superar a cultura do ódio? Educação e comunicação não podem tudo, certamente. Mas sem uma política de educação e comunicação direta, didática, que fale à consciência comum, a força do ódio (de classe, político, cultural) continuará a envenenar ainda mais as relações sociais de nossa já degradada sociedade de classes”, analisa.
Fontes: ADUA com informações da CSP-Conlutas, G1, Revista Fórum e ANDES-SN
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