Com 38 votos favoráveis e 9 contrários, o Conselho Universitário (Consuni) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) aprovou, na manhã desta quinta-feira (17), o parecer que autoriza a construção de um espaço multicultural da universidade, no terreno onde fica o campo de futebol da Praia Vermelha. A reitoria da Universidade tentou proibir a entrada da comunidade acadêmica que protestou contra o projeto durante a reunião. As informações são da Associação dos Docentes das Universidade (AdUFRJ).
A sessão do Conselho Universitário foi tensa com seguidas interrupções devido aos protestos e precisou ser encerrada antes da hora devido às manifestações políticas após a proclamação do resultado.
De acordo com o ANDES-SN, a reitora da UFRJ, Denise Pires, chegou a enviar um e-mail às conselheiras e aos conselheiros justificando que a restrição para a entrada na reunião seria por causa do “aumento dos casos de Covid-19”. Caso esse fosse o motivo, o Sindicato Nacional afirma que a sessão poderia ter sido adiada ou realizada em local aberto.
O ANDES-SN se posiciona contrário ao “Projeto de Valorização dos Ativos Imobiliários da UFRJ”, antes denominado “Projeto Viva UFRJ”. “Na concepção do sindicato, a construção de uma universidade pública tem como pré-requisito o financiamento com recursos exclusivamente públicos. Qualquer forma paralela de financiamento é inaceitável porque significa, em última instância, um esquema disfarçado de privatização”, afirma a integrante da Regional do Rio de Janeiro do ANDES-SN, Sonia Lucio Lima.
O Sindicato Nacional repudia o conteúdo do projeto e a ausência de um debate amplo e aprofundado com a comunidade universitária sobre as consequências e implicações para o ensino, a pesquisa e a extensão. “Por essa razão, apoiamos os segmentos da UFRJ que se mobilizam contra este projeto e a forma autoritária como ele vem sendo imposto. Nossa proposta é exigir do novo governo federal o fim do Teto dos Gastos (Emenda Constitucional 95) e a recomposição e aumento do orçamento da educação pública superior”, disse Sonia.
A comunidade universitária contra o projeto defende que seria necessária a realização de audiências públicas, consultas à unidade acadêmica e um plebiscito, além de estudos de medidas complementares de financiamento para a Universidade, com verbas públicas, além da revogação do Teto dos Gastos, visando atender às demandas represadas de ampliação da assistência estudantil (bolsas, moradia e restaurante universitário), entre outras medidas.
Projeto
O projeto aprovado concede para a iniciativa privada o terreno onde funcionou a casa de shows “Canecão”, em Botafogo, na zona sul do Rio de Janeiro, para a construção de um espaço cultural que também abrangeria o “Campo de Esportes Professor Ernesto Santos” da Praia Vermelha, conhecido como Campinho da PV. No local, são realizadas aulas e atividades de extensão, projetos ligados a desportos e à luta antimanicomial e, ainda, se preserva diversas árvores e mais de 70 espécies de pássaros.
O ANDES-SN informou que pessoas contrárias ao projeto afirmam que a decisão de votar a medida às pressas, sem debate com a comunidade acadêmica e tentar impedir a entrada de professores(as) e estudantes é um grave ataque a democracia. Leia a nota de repúdio do Sindicato Nacional contra à privatização da UFRJ aqui.
Fonte: com informações da AdUFRJ e ANDES-SN
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