O uso de salas de aulas e laboratórios “de lata” se tornou uma preocupação concreta das comunidades acadêmicas da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB) e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Além dos óbvios problemas de estrutura trazidos para o desenvolvimento de ações de ensino, pesquisa e extensão em contêineres, a utilização dessas armações provisórias coloca sempre presente o debate da precarização do trabalho docente.
Na UFRB, a instalação de contêineres é recente, tendo sido feita no último sábado (24), para suprir a demanda de salas de aula. A Associação dos Professores Universitários do Recôncavo (Apur – Seção Sindical do ANDES-SN) divulgou a ação da universidade, qualificando-a como preocupante. A utilização de estruturas provisórias deixa claros os problemas orçamentários enfrentados pelas universidades federais.
Já na Unifesp, especificamente no campus de Diadema, o problema data de 2012. Naquele ano a universidade gastou mais de um milhão de reais para comprar 11 contêineres. Somente no final de 2014 as ligações elétricas necessárias para o funcionamento deles foram realizadas, e, nesse momento, apenas três estão em funcionamento. Na Unifesp os contêineres ficam espalhados no pátio do campus e funcionam como laboratórios. A falta de estrutura física para realização de pesquisa na universidade gera outro problema: não há sequer espaço para guardar os equipamentos necessários para os laboratórios, que são deixados, encaixotados, nos corredores da unidade.
Giovanni Frizzo, 1º vice-presidente da Regional Rio Grande do Sul e um dos coordenadores do Grupo de Trabalho de Políticas Educacionais (GTPE) do ANDES-SN, critica o uso de contêineres para substituir salas de aula e laboratórios. “É mais um sintoma da precarização das condições de trabalho e estudo nas universidades, algo que o ANDES-SN vem denunciando há anos. Essa questão foi uma de nossas principais pautas na greve das universidades federais em 2012, mas foi ignorada pelo governo”, afirma o docente.
O diretor do Sindicato Nacional ressalta que, com o corte orçamentário de R$7 bilhões na educação, situações como a de uso de contêineres na UFRB e na Unifesp podem se espalhar pelas universidades no país. “Com esses cortes é possível que a estratégia de uso de contêineres se espalhe, e não apenas como uma medida paliativa”, diz Frizzo. Além de UFRB e Unifesp, outras universidades, como a Universidade Federal Fluminense (UFF), também têm recorrido às “salas de lata” como alternativa à falta de estrutura e orçamento necessários para a manutenção das atividades acadêmicas.
*Com informações de Apur-SSind e O Estado de São Paulo e imagem de Apur-SSind
Fonte: ANDES-SN |