Funcionários da VPAR, uma das empresas terceirizadas que prestam serviços à Universidade Federal Fluminense (UFF), administrando o contrato de recepcionistas, zelador e porteiro, estão sem receber dois meses de salário e o 13º. Trabalhadores da Croll, que reúne os vigilantes, estão sem o pagamento de dezembro e o 13º. Já os empregados da Luso-Brasileira, empresa responsável pelo serviço de limpeza, aguardam ansiosamente pelo 13º salário.
Em assembleia realizada após ato que ocupou a Reitoria da UFF na segunda-feira (12), a maioria recusou a proposta de parcelamento dos atrasados em quatro vezes, com a primeira parcela para o quinto dia útil de fevereiro. Outra assembleia acontece nesta quarta-feira (14), no Bandejão (Gragoatá). Os trabalhadores terceirizados podem deflagrar greve.
A situação desses funcionários é tão precarizada que eles não querem se identificar porque temem represálias do patronato. São unânimes quanto à necessidade de reivindicar o pagamento de seus direitos trabalhistas para que possam honrar compromissos. “No caso da VPAR, nosso último pagamento foi em outubro. Estamos preocupados, porque as contas estão vencendo. Recebemos parte da passagem e da alimentação em dinheiro, mas a situação ainda não está regularizada”, explica um dos funcionários.
“Quando entramos em contato com as empresas, a única informação é a de que não existe previsão para acertarem nosso caso”, explica outra pessoa. “As cobranças são muitas, mas quando vamos questionar nossa situação, começa um jogo de empurra: a empresa põe a culpa na UFF, que põe a culpa no governo…”, esclarece um dos terceirizados.
Precarização do trabalho terceirizado nas Universidades
O atraso nos salários dos trabalhadores terceirizados não é uma realidade apenas da UFF. No final de 2014, o recesso acadêmico foi antecipado na Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ após um ato dos funcionários da empresa Construir. À época, os responsáveis pela limpeza despejaram lixo no campus Maracanã, em protesto contra a falta de pagamento relativo ao mês de dezembro, incluindo vencimentos do 13º.
Na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ houve problemas semelhantes. Em julho de 2014, funcionários da empresa Digna não receberam o salário daquele mês e paralisaram suas atividades no campus da instituição em Nova Iguaçu. Os trabalhadores também denunciaram a falta de equipamentos de proteção individual – como botas, luvas e uniformes adequados.
Crise na UFF
Em dezembro do ano passado, em reunião com representantes da Aduff-SSind e do Sintuff, os dirigentes sindicais interpelaram o reitor Sidney Mello sobre a situação dos terceirizados. Na ocasião, ele disse estar solucionando a questão do atraso no pagamento dos salários, fruto de problemas orçamentários. Considerou a necessidade de conter os gastos, provavelmente já refletindo o ajuste fiscal do governo. A equipe de imprensa da ADUFF aguarda o agendamento de entrevista com o Pró-Reitor de Assuntos Administrativos, Professor Néliton Ventura, para apurar os fatos com maior detalhamento.
Foto: Reprodução de Facebook
Fonte: Aduff |