Jair Bolsonaro chega ao final do mandato desmoralizado. A pesquisa Datafolha revelou que 93% dos brasileiros e brasileiras reprovam a gestão do presidente da república e 69% acreditam que há corrupção no governo. O resultado do levantamento foi divulgado na quinta-feira (22) e entrevistou 6.754 eleitores e eleitoras em 343 municípios brasileiros.
A percepção da falta de lisura e de que há corrupção no governo são mais altas entre os e as estudantes (87%), os e as jovens com idade de 16 a 24 anos (79%) e entre pessoas com renda familiar de até dois salários mínimos (73%). Ironicamente, o combate a corrupção foi o principal tema em que se apoiou Bolsonaro em sua propaganda eleitoral de 2018.
Além de indícios de corrupção no governo, inclusive no superfaturamento na compra de vacinas durante a pandemia de covid-19, e com ‘compra’ de parlamentares via “orçamento secreto”, a gestão também foi marcada por denúncias entre membros da família (primeira-dama, filhos e ex-mulheres) do presidente como depósitos de cheques suspeitos, esquemas de ‘rachadinha’ (desvio de salário dos assessores) e compra de imóveis em dinheiro.
Para dificultar a averiguação, o presidente ainda impôs sigilo de 100 anos em uma série de informações, inclusive em 64 casos que deveriam ser públicos, segundo apurado pelo site Valor Econômico. Alguns exemplos da aplicação do sigilo dizem respeito ao processo sobre as "rachadinhas" envolvendo o filho do presidente, Flávio Bolsonaro, e ao contrato de aquisição da vacina indiana Covaxin assinado ao custo de R$ 1,6 bilhão, e investigado pela CPI da Covid, que conseguiu derrubar a restrição ao acesso.
Desvio na Educação
Um dos últimos escândalos diz respeito à corrupção no Ministério da Educação (MEC), na gestão do pastor Milton Ribeiro. Em entrevista ao jornal Estado de São Paulo, o empresário da construção civil, Ailson Souto da Trindade, contou que Ribeiro deu aval para que contratos de obras de escolas fossem negociados em troca de propina para os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura. O acordo previa que o dinheiro seria escondido na roda de uma caminhonete.
A denúncia traz novos elementos para o inquérito que tramita sob sigilo no Supremo Tribunal Federal (STF) por indícios de interferência do presidente da república na investigação contra o ex-ministro da Educação. Ailson Trindade afirmou que Bolsonaro “estaria mexendo os pauzinhos” para abafar o caso. O empresário é a 12ª pessoa a relatar esquema de corrupção no MEC.
A pesquisa do Datafolha foi contratada pelo jornal Folha de São Paulo e pela TV Globo, e tem registro no TSE com o número BR-04180/2022. A margem de erro da pesquisa do Datafolha é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95%.
Imagem: Desenhos do Nando
Fonte: com informações da CSP-Conlutas, Valor Econômico e Folha de Pernambuco
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