Sete em cada dez pessoas dizem ter medo de serem agredidas fisicamente por causa das suas escolhas políticas. Essa é a conclusão da pesquisa “Violência e democracia: panorama brasileiro pré-eleições 2022- Percepções sobre medo de Violência, Autoritarismo e Democracia”, realizada pelo Instituto Datafolha a pedido do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), em parceria com a Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (RAPS). A conclusão é de possibilidade real de retrocessos institucionais e de valorização de discursos de ódio e de violência política. A pesquisa ocorreu entre 3 e 13 de agosto de 2022, e ouviu 2.100 pessoas em todo o país.
“A intersecção entre violência e política, entre garantia de direitos, segurança e apoio a regimes democráticos tem ficado mais latente, e, no Brasil, as eleições de 2022, que se aproximam,
ocorrerão em clima de insegurança, ataque e sob alegação de fraude, com ânimos exaltados e em um cenário de polarização que tem crescido desde 2013.”, afirma o documento.
O presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima, explica que umas das leituras que se faz é que os direitos de exercer a cidadania e a liberdade de expressão estão comprometidos no Brasil.
“As pessoas estão com medo de mostrarem o que estão pensando. Sair com a camisa de um político ou de um partido pode ser motivo para xingamentos ou agressões.”
Alguns dos principais resultados da pesquisa são: 67,5% dos entrevistados afirmaram ter medo de serem vítimas de agressões; 3,2% das pessoas ouvidas pelo Datafolha disseram ter sofrido ameaças por motivos políticos nos últimos 30 dias; é o equivalente a 5,3 milhões da população brasileira; 66,4% dos entrevistados dizem não acreditar que armar a população aumentará a segurança.
O levantamento apresenta ainda que 88,1% das pessoas rejeitam ideias golpistas ao afirmar que quem for vencedor nas urnas e reconhecido pela Justiça Eleitoral deve ser empossado em 1º de janeiro de 2023; e 62,8% concordam que é importante para a democracia que os tribunais sejam capazes de impedir o governo de agir além de sua autoridade.
Onda de violência
São muitos os casos de violência física e discursos de ódio contra pessoas que se posicionam contra o presidente Jair Bolsonaro.
Em julho, a Comissão dos Direitos Humanos e Minoria da Câmara dos Deputados denunciou à Organização das Nações Unidas (ONU) a escalada de violência Política no país, com 13 ataques a violência protagonizada por bolsonaristas.
Segundo pesquisa da Observatório da Violência Política e Eleitoral da UniRio, os casos de violência política saltaram 335% em 2022 na comparação com primeiro trimestre de 2019.
Crimes como ameaças, homicídios, atentados e sequestros são citados na pesquisa.
Alguns resultaram em vítimas fatais, como o assassinato do guarda municipal Marcelo Arruda, que foi morto a tiros na noite de 9 de julho durante a comemoração de seu aniversário de 50 anos com festa temática de PT em Foz do Iguaçu (PR). O agressor é um policial bolsonarista quem nem havia sido convidado para festa.
Em 15 de junho, diversas pessoas que participavam de um ato de Lula em Uberlândia (MG) foram atingidos por veneno com cheiro de fezes e urina, lançados de um drone. No Rio Janeiro, uma bomba caseira com fezes foi lançada em um ato de Lula, no mesmo dia.
Na noite de 9 de julho, o guarda municipal foi morto a tiros em Foz do Iguaçu (PR) pelo policial penal bolsonarista Jorge Guaranho quando comemorava o aniversário de 50 anos com uma festa temática do PT.
Em uma igreja da Congregação Cristã do Brasil (CCB) em Goiânia, um policial militar bolsonarista atirou em um fiel durante um culto por divergência política.
Um homem humilhou uma mulher, dizendo que ela não receberia mais marmitas porque ela declarou ser eleitora do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 7 de setembro.
O relatório afirma que nas últimas três décadas haviam sido observados progressos com relação a queda no índice de violência, porém, no mandato de Jair Bolsonaro, como presidente da república, diversos episódios que geram inseguraça a integridade das instituições democráticas e incitam a violência contra mulheres, pessoas LGBTQIA+, imprensa, povo negro e indígenas, têm desafiado a manutenção da segurança no Brasil em todos os seus aspectos.
Leia o relatório da pesquisa aqui.
Foto: Tomaz Silva/ EBC
Fontes: com informações de Vermelho, UOL e Pesquisa “Violência e democracia: panorama brasileiro pré-eleições 2022- Percepções sobre medo de Violência, Autoritarismo e Democracia”
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