Mais uma pessoa foi assassinada no país por motivação política. A vítima foi o trabalhador rural Benedito Cardoso dos Santos, de 42 anos, assassinado com 15 golpes de faca e uma machadada no pescoço. O crime ocorreu em uma chácara, próximo à cidade de Confresa (MT), na noite de 7 de setembro. No mesmo dia, o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro havia discursado: “amigos do quadrilheiro querem voltar à cena do crime, mas não conseguirão. Esse tipo de gente tem que ser extirpado da vida pública”.
Apoiador do ex-presidente e candidato à presidência, Luis Inácio Lula da Silva, Benedito foi assassinado durante uma discussão política com o colega de trabalho bolsonarista Rafael Silva de Oliveira, de 24 anos. O homem demonstrou frieza ao narrar o crime à Polícia Civil e foi preso preventivamente por homicídio duplamente qualificado por motivo fútil e meio cruel. Ele possui antecedentes criminais por tentativa de latrocínio e estelionato.
"Em um Estado Democrático de Direito, no qual o pluralismo político é um dos seus princípios fundamentais, torna-se ainda mais reprovável a conduta do custodiado. A intolerância não deve e não será admitida, sob pena de regredirmos aos tempos de barbárie. Lado outro, verifica-se que a liberdade de manifestação do pensamento, seja ela político-partidária, religiosa, ou outra, é uma garantia fundamental irrenunciável", afirmou o juiz Carlos Eduardo Pinho, da comarca de Porto Alegre do Norte (MT), que determinou a prisão preventiva de Rafael.
Morte em festa
Em julho, o guarda municipal e tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT) local, Marcelo Arruda, foi assassinado em sua festa de aniversário pelo agente penitenciário Jorge José da Rocha Guaranho, em Foz do Iguaçu (PR). O caso relembrou o episódio em que Bolsonaro simulou uma arma em um ato no Acre, durante a campanha de 2018 e falou em “fuzilar a petralhada”.
Arruda comemorava seu aniversário de 50 anos em uma festa com temas PT e Lula, quando teve a festa interrompida por gritos “aqui é Bolsonaro” de Guaranho. “Ele [o agente penitenciário] deu a volta de carro, xingou quem estava lá e disse que ia voltar para 'acabar' com todo mundo”, contou o amigo do aniversariante, André Alliana.
Violência propagada
O discurso de ódio propagado por Jair Bolsonaro é corresponsável por casos de violência política que aconteceram no país e que têm ocorrido com mais frequência nos últimos dias com a proximidade do período eleitoral.
Neste ano, além do assassinato do guarda municipal, outros episódios de violência contra os opositores do bolsonarismo foram registrados. No dia 7 de julho, uma bomba caseira com fezes foi lançada contra o público que participava de uma manifestação com Lula, na Cinelândia (RJ).
No mesmo dia, o carro do juiz responsável por mandar prender o ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, envolvido em escândalos de corrupção no Ministério da Educação (MEC), foi vandalizado com fezes de animas e ovos. No dia 15 de junho, em um outro ato de Lula em Uberlândia (MG), um drone também jogou uma substância sobre o público.
Estes ataques ocorrem em meio à ofensiva de Bolsonaro contra o sistema eleitoral brasileiro, em que faz acusações, sem provas, de fraudes nas urnas eletrônicas e incita a sua base a rejeitar qualquer resultado em que não seja o vencedor.
Em live no dia 30 de junho, o presidente fez referência ao episódio, de 6 de janeiro de 2021, da invasão do Capitólio, por apoiadores de Donald Trump, o ex-presidente dos Estados Unidos foi derrotado das eleições. “Você sabe o que está em jogo, você sabe como deve se preparar. Não para um novo capitólio, ninguém quer invadir nada. Nós sabemos o que temos que fazer antes das eleições”, disse aos seus seguidores.
Arte: Desenhos do Nando
Fontes: com informações da CSP-Conlutas, Revista Fórum, Veja, G1 e Agência Brasil
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