As universidades públicas federais podem colapsar até outubro deste ano. Esse foi o alerta feito pelo presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), reitor Marcus David, durante o painel “Atuação das Universidades Públicas e da Ciência na Defesa da Vida Durante a Pandemia da Covid-19”, na terça-feira (29). Os recentes cortes na Instituições Federais de Ensino (Ifes) já totalizam mais R$ 600 milhões somente no mês de junho. O ANDES-SN mantém a mobilização em defesa da educação e pela abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o Ministério da Educação (MEC).
As universidades federais tiveram um corte de R$ 437 milhões no mês de junho. Segundo a Andifes, metade do valor foi remanejado para o Programa de Garantia de Atividade Agropecuária. Já os colégios da rede federal perderam R$ 184 milhões no mês de junho.
“A situação das universidades é muito dolorosa. A crise é severa. Quase a totalidade das instituições projetam déficit histórico para este ano”, afirmou Marcus David, reiterando que “prevalece a disposição de não fechar nenhuma unidade” para “evitar a vitória dos que desejam que isso aconteça”, disse o presidente da Andifes.
Universidades na linha de Frente
Os desmonte da educação pública no Brasil segue como um projeto do governo de Jair Bolsonaro, a despeito de toda a contribuição das Ifes para a sociedade, em especial na pandemia da covid-19.
Conforme o painel da Andifes, um conjunto de ações de enfrentamento à pandemia tem sido empreendido pelas Ifes, desde 2020. A catalogação já reúne estratégias e técnicas de 39 instituições, de um total de 69 universidades federais, que contribuíram para a elaboração de planos emergenciais e para o desenvolvimento de grupos de trabalho e comissões de combate à pandemia, tanto no âmbito nacional quanto internacional. O objetivo é expandir o mapeamento para as instituições estaduais.
“O painel apresenta ações e pesquisas na área da saúde e no atendimento da população numa perspectiva ampliada de garantia do direito à vida, englobando ações na linha de frente em saúde e pesquisas relacionadas à prevenção, tratamento e controle da pandemia, ações nas áreas de direitos humanos, combate à fome, redução de vulnerabilidades sociais e apoio à educação básica, além de informações acerca da produção bibliográfica no tema e estudos de casos sobre atuações regionais, centros e temas emergentes e contribuições mais notáveis”, explicou um dos coordenadores do grupo de pesquisa Sou Ciência e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Pedro Fiori.
O Painel “Atuação das Universidades Públicas e da Ciência na Defesa da Vida Durante a Pandemia da Covid-19” integra o portal Sou Ciência, sediado na Unifesp, com participação de pesquisadores e pesquisadoras de diversas universidades.
Entre as ações mapeadas estão pesquisa básica e experimental sobre o genoma do vírus e imunização, testagem de vacinas, colaboração com o Instituto Butantan, divulgação de informações sobre a segurança das vacinas, o desenvolvimento de pesquisas socioeconômicas sobre o impacto da pandemia na renda das famílias, e pesquisas educacionais, além de produção de álcool em gel e protetores faciais, implantação de programa de inclusão digital e campanhas contra a desinformação (fake news).
Jornada de Luta
O ANDES-SN, a ADUA e outras entidades que atuam em defesa dos serviços públicos mantêm a luta para que o arrocho no orçamento da Ifes não prejudique ainda mais as atividades nas instituições.
A manutenção da mobilização se fortalece com a Jornada de Lutas, de 4 a 7 de julho, em Brasília (DF). São diversas as representações dos servidores e das servidoras públicos(as) federais (SPFs) que se manifestam pela recomposição do orçamento da educação, pelo reajuste salarial das categorias, pela derrubada da contrarreforma administrativa (PEC 32) e pela revogação da Emenda Constitucional nº 95 (Teto dos gastos).
A mobilização pede ainda a urgente abertura da investigação sobre o MEC. Na terça-feira (5), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou que a instalação da CPI seria possível somente após as eleições 2022. “A quem interessa a CPI depois da eleição? Nós queremos uma CPI agora e queremos CPI pra valer. CPI onde os culpados sejam condenados e que possam ser punidos pelos crimes cometidos”, disse a presidente do ANDES-SN, Rivânia Moura, durante sua fala pública em frente à Câmara dos Deputados e das Deputadas, na terça, acrescentando que “CPI de verdade só acontece com o povo na rua, só acontece com pressão popular, só acontece com trabalhadores e trabalhadoras mobilizados, por isso não temos escolha a não ser a luta”.
Foto: Unifesspa/Divulgação
Fontes: ADUA com informações da Andifes, Correio Brasiliense, ANDES-SN, Notícias Uol, Extra Globo, Eu Estudante, UFMG e Sou Ciência (Unifesp)
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