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  29/06/2022


ANDES-SN emite nota de solidariedade ao povo Guarani Kaiowá por massacre em TI



 

 

 

Os indígenas Guarani Kaiowá da Terra Indígena (TI) Amambai, no Mato Grosso do Sul, próximo à fronteira com o Paraguai, foram vítimas de um massacre no dia 24 de junho, quando retomavam o território ancestral Guapo’y Mirim. A ação ilegal da Polícia Militar (PM) resultou na morte do indígena Vitor Fernandes, 42 anos, e deixou dezenas de feridos. O ANDES-SN emitiu, no dia 28 de junho, uma nota em defesa das populações indígenas e de solidariedade aos Guarani Kaiowá.

 

O Sindicato Nacional frisou que a retomada de TIs pelos povos originários tem enfrentado não apenas o crime da pistolagem e mas o próprio Estado brasileiro, que envia a PM, seu braço armado, para agredir, expulsar e assassinar indígenas. O ANDES-SN ressalta que esse conjunto de violações se acentuou no governo de Jair Bolsonaro.

 

“A tensão política aumentou com a possibilidade da votação de uma lei sobre a regulamentação do Marco Temporal, uma proposta para beneficiar o agronegócio. Os latifundiários, grileiros, madeireiros, mineradores, pescadores ilegais, destruidores do ecossistema brasileiro estão se sentindo impunes diante da prevaricação do atual governo federal”, afirma o Sindicato.

 

 

“Aqui é pouca terra para muitos indígenas”, disse um dos integrantes da Aty Guasu, a Assembleia Geral dos Kaiowá e Guarani ao portal Brasil de Fato, e que pediu para não ser identificado por estar sob ameaça de pistoleiros e policiais a serviço de fazendeiros.

 

“Então a nossa luta é por espaço. Por conta disso que estamos fazendo as retomadas e a reivindicação pela demarcação”, afirma o morador da TI Amambai. Sem espaço para caça, pesca, plantio e extrativismo, os e as indígenas sobrevivem de maneira precária e acabam se tornando vítimas do trabalho precarizado.

 

A violência na região não começou agora e já contabiliza uma série de mortes de indígenas provocadas pela reação às retomadas das TIs nas últimas décadas.

 

Em 2013, a vítima foi Denílson Barbosa, um Guarani Kaiowá de 15 anos. O homicídio foi confessado por um fazendeiro. Dois anos depois, o líder Simeão Vilhalva foi assassinado com um tiro na cabeça. O cunhado de Vilhalva, Durvalino Rocha, havia morrido nas mesmas circunstâncias em 2005. Clodiodi Aquileu Rodrigues de Souza, de 26 anos, perdeu a vida em um conflito em 2016. Há cerca de um mês, Alex Recarte Vasques Lopes, de 18 anos, saiu para buscar lenha e não voltou.

 

 

 

Leia na íntegra a nota do ANDES-SN:

 

 

NOTA DA DIRETORIA NACIONAL DO ANDES-SN EM DEFESA DAS POPULAÇÕES INDÍGENAS: SOLIDARIEDADE AO POVO GUARANI KAIOWÁ

 

O Brasil tem se notabilizado pelo permanente descumprimento das leis de proteção ambiental, pelos ataques às terras indígenas e por uma ameaça constante aos povos originários. Esse conjunto complexo de violações acentuou-se no governo do agitador fascista, Jair Bolsonaro.

 

A tensão política aumentou com a possibilidade da votação de uma lei sobre a regulamentação do Marco Temporal, uma proposta para beneficiar o agronegócio. Os latifundiários, grileiros, madeireiros, mineradores, pescadores ilegais, destruidores do ecossistema brasileiro estão se sentindo impunes diante da prevaricação do atual governo federal. A invasão da terra indígena está sendo realizada com a conivência de quem deveria fiscalizar e combater essas ações. No entanto, o agronegócio expandiu-se com violência e tem incentivado o assassinato de indígenas e as invasões tornaram-se uma prática contumaz em vários estados do Centro-Oeste e da região amazônica.

 

Mais recentemente, a retomada de terras indígenas pelas populações originárias tem enfrentado o crime organizado da pistolagem e o comportamento violento do Estado brasileiro, que envia seu braço armado para agredir, expulsar e até assassinar lideranças e indígenas. Os fatos que aconteceram, a partir do dia 23 de junho, na retomada das terras indígenas na cidade de Amambaí, no Mato Grosso do Sul, fronteira com o Paraguai, são denotativos desse modus operandi do Estado brasileiro e dos pistoleiros do agronegócio.

 

Foram ocorrências de ataques ao povo Guarani-Kaiowá, em diversas comunidades de Amambaí e Dourados, que teriam sido praticados pela Polícia Militar do estado do Mato Grosso do Sul, em conjunto com seguranças privados, sem nenhuma autorização judicial. Tudo isso com forte uso de equipamento público, a exemplo de helicóptero, veículos e armas de grosso calibre.

 

Essa operação criminosa deixou um saldo de vário(a)s indígenas ferido(a)s, internado(a)s nos hospitais da região e o assassinato do indígena Guarani-Kaiowá, Vitor Fernandes. Esse cenário de ataque aos povos originários fomentado pela invasão do agronegócio sobre suas terras tem sido a marca inconteste da violência que já matou dezenas de lideranças indígenas, destruiu o papel de fiscalização da FUNAI e do IBAMA e que conta com o apoio explícito do governo federal e dos governos estaduais aliados dos bolsonaristas.

 

Precisamos avançar na defesa das populações originárias, na denúncia internacional dessas ações, no questionamento ao Congresso Nacional e na exigência de apuração desses crimes contra a humanidade.

 

O ANDES-SN se solidariza com a luta dos povos indígenas Guarani kaiowá, bem como apoia irrestritamente a luta do(a)s indígenas brasileiro(a)s contra o Marco Temporal, pela demarcação urgente de suas terras, contra todas as formas de exploração do meio ambiente e das condições de vida das populações indígenas. Este ataque brutal, somado ao assassinato recente do servidor público da Funai, Bruno Araújo Pereira e do jornalista Dom Phillips, são casos que expressam o avanço em nosso país da violência, do autoritarismo e do desrespeito à vida.

 

O ANDES-SN se coloca à disposição e ombro a ombro com as lutas dos povos indígenas e exige que a justiça seja feita à(o)s indígenas Guarani-Kaiowá com O reconhecimento do seu processo de luta pela reocupação de suas terras ancestrais!!

 

Contra o marco temporal!

Pela demarcação das terras indígenas!

Vitor Fernandes, Presente!

 

 

Brasília (DF), 28 de junho de 2022

Diretoria do ANDES-Sindicato Nacional

 

 

 

Fotos: Cimi, CIDH e Aty Guasu

 

Fontes: Brasil de Fato e ANDES-SN



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