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Falta de infraestrutura é latente no Biotério Central da Ufam



Ex-presidente do Comitê de Ética no Uso de Animais (CEUA) na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), o professor doutor Wallice Duncan, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), em agosto deste ano se preparava para elaborar um documento pedindo o cancelamento do trabalho experimental de Pibic de um estudante orientando dele, em virtude da falta de infraestrutura adequada do Biotério Central da universidade para continuar os estudos. Os cancelamentos de pesquisas estão entre os desdobramentos da proibição imposta à universidade pelo Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea), em agosto de 2013, de manter e utilizar animais vertebrados em aulas práticas e projetos de pesquisa. Mais de um ano de passou e a situação permanece.

Wallice afirma que a estrutura do Biotério é “a pior possível para a manutenção de animais”, o que acabou contribuindo para o não credenciamento do espaço. Itens básicos como a oferta de água e ração, segundo o docente, ocorriam de maneira inadequada pondo em risco os experimentos realizados. “O depósito de ração do biotério estava tomado por fungos, com o telhado gotejando, comprometendo a qualidade da ração. Todo mundo que precisava dos animais, com aquela qualidade da ração, certamente poderia enfrentar interferências nos experimentos”, disse. Duncan pediu dispensa da presidência da CEUA um mês após conceder esta entrevista.

Professora doutora do ICB e também membro do CEUA, Maria Cristina dos Santos conta que a última vez que utilizou camundongos do biotério da universidade, mesmo solicitando especificamente fêmeas foi surpreendida com a gravidez de alguns animais no decorrer do estudo, pois machos foram enviados por engano. “Essa situação foi o máximo da falta de ética, pois não se pode trabalhar com um animal nesse estado. Desde então eu deixei de trabalhar com animais daqui”, disse.

Santos afirma ainda que por falta de alimentação correta camundongos chegaram a ser alimentados com ração para cachorro, no Biotério da Ufam. “Desde 2008, a reitoria da Ufam tem conhecimento sobre a situação vivenciada pelo Biotério e mesmo assim não tomou providências e nem informou aos pesquisadores que a instituição poderia ter o uso de vertebrados suspensa caso o credenciamento não ocorresse”, disse, destacando que a proibição atrapalha a chegada de novos recursos para a universidade.

Professor de Imunologia Médica no ICB e em cursos de pós-graduação, o doutor Antônio Luiz Boechat relata que o Biotério, quando em funcionamento, enfrentava problemas de umidade excessiva, apresentava fungos nas paredes e salas de experimentação sem exaustão adequada, tornando insalubres as experimentações. “A energia aqui não funciona 24h. Houve uma ocasião em que a gente planejou um experimento, e isso as vezes leva 90 dias para ocorrer já que demanda o crescimento dos animais, colocamos os animais nas gaiolas na sexta-feira e na segunda-feira, 100% deles tinham morrido porque a luz foi embora. A ureia não foi liberada e os animais foram asfixiados”, contou o professor, citando mais um episódio de descaso com o Biotério Central.

A reportagem entrou em contato com a Reitoria da Ufam, por meio da Assessoria de Comunicação da universidade, para ter esclarecimentos sobre essa situação, mas não obteve retorno.

Fonte: Adua



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