Os estudantes do curso de medicina da Universidade do Estado do Mato Grosso (Unemat) completaram nessa quinta-feira (2) 51 dias de greve. A paralisação tem a intenção de reivindicar melhorias no ensino, e protestar contra a falta de infraestrutura e de professores, entre outras pautas. Porém, mesmo com o curso parado há quase dois meses, a reitoria e o governo do estado não avançam na negociação com os estudantes.
O curso de medicina da Unemat é novo. Foi criado há dois anos e seu primeiro vestibular teve grande procura, chegando a 310 concorrentes por vaga. No entanto, ao entrar na universidade, os estudantes perceberam que a realidade era bastante diferente da propagandeada. É o que contam os estudantes em greve, que foram entrevistados pelo ANDES-SN.
“Logo nas primeiras semanas de aula, a primeira turma observou que a realidade era outra. O curso tinha poucos professores, e a maioria não conseguia trabalhar a metodologia proposta. Não havia bloco próprio, laboratórios, nem salas de aula. Houve um desconforto sobre como o dinheiro prometido estava sendo gasto, já que nada do que fora divulgado havia sido feito”, afirmam os estudantes, por meio do movimento SOS Medicina Unemat.
Quando, em agosto desse ano, a taxa de abandono do curso chegou a 35%, os estudantes resolveram intensificar a sua mobilização. Antes, as reuniões com o governo estadual e com a administração não apresentavam possibilidade de melhoria. A solução definida foi a greve. “Para os acadêmicos, este movimento é uma medida enérgica, mas necessária. É desgastante, atemorizante, mas é preciso. É encarado, acima de tudo, como um direito de aluno e como um dever de cidadão. Por isso, não há perspectiva de fim de greve”, dizem os estudantes.
Para o movimento SOS Medicina Unemat o descaso com o curso segue, mesmo com a greve. Entretanto, ainda que eles tenham dificuldade de serem ouvidos na universidade, apoios de todo Brasil chegam ao movimento. Mais de quarenta centros acadêmicos de medicina já declararam apoio à greve da Unemat, assim como organizações da categoria.
“O curso de medicina é novo, tem apenas dois anos. Para os alunos, certamente a criação foi mal planejada, e os acadêmicos questionam como foi autorizada a abertura de um curso sem salas de aula, sem laboratórios, sem livros suficientes e sem professores para todas as disciplinas”, concluem os estudantes, que seguem mobilizados para lutar por seus direitos.
*Com informações e imagem de SOS Medicina Unemat.
Fonte: ANDES-SN |