Em protesto ao corte de R$ 3,23 bilhões no orçamento de universidades e institutos federais, docentes sindicalizados(as) à ADUA, estudantes e Técnico(a)-Administrativos(as) em Educação (TAEs) do Instituto de Ciências Sociais, Educação e Zootecnia, da Universidade Federal do Amazonas (ICSEZ/Ufam), em Parintins (AM), realizaram um ato público na quarta-feira (1). Os e as manifestantes fizeram caminhada e panfletagem na Estrada do Macurany, onde fica o campus. Nos cartazes e discursos no carro de som, a reivindicação foi por investimentos na Educação e respeito às universidades públicas.
Com o bloqueio de verbas, a Universidade Federal do Amazonas (UFAM) deixa de receber R$ 15 milhões do orçamento discricionário, valores destinados à manutenção da assistência estudantil e pagamento de despesas como segurança, água, energia elétrica e custeio de laboratórios.
A 2ª secretária da ADUA e docente no ICSEZ, Valmiene Florindo Farias, explicou que o anúncio do bloqueio teve grande impacto entre a comunidade acadêmica, que está retornando ao ensino presencial, após os dois anos em atividade remota devido à pandemia da covid-19, e que esse corte atinge ainda mais as unidades fora da sede. “Nós já acumulamos algumas perdas na educação pública e mais essa ação do governo federal vem aí, agredindo de forma danosa o serviço público e a educação, garantido um quadro mais comprometedor das nossas atividades de ensino, pesquisa e extensão”.
A estudante e representante discente no Colegiado de Serviço Social do ICSEZ, Laíze Cruz, lembra que a classe estudantil tem enfrentado dificuldades, que se ampliaram durante a pandemia. “Nós, da universidade pública federal, sobrevivemos à pandemia da covid-19 da maneira mais resistente possível e, desde então, tem sido esse o nosso papel frente a esse desgoverno: nós resistimos e continuaremos a resistir”.
A discente enfatiza que os cortes representam o desmonte na educação que vem sendo instaurado desde o golpe de 2016, impulsionando a privatização das instituições, com consequências para toda a sociedade. “Hoje sofremos com os cortes de bolsas de pesquisa e diminuição de bolsas de assistência estudantil, e isso é muito grave. Muitos de nós precisam desse auxílio para permanecer na universidade, até mesmo para subsistência. Essa notícia sobre os cortes nos deixou aflitos e angustiados, mas não deixaremos que esse sentimento nos domine”, disse Laíze.
Em nota sobre mais esse bloqueio do governo Bolsonaro no orçamento da Educação, a ADUA publicou uma nota, no dia 31 de maio, convocando a comunidade universitária para a defesa das educação pública e das universidades. "Se nos anos anteriores à pandemia, a UFAM já respirava com dificuldade, agora, com o recente corte no orçamento discricionário do Ministério da Educação (MEC), de R$ 3,2 bilhões, em torno de 14,5% do orçamento das Universidades e Institutos Federais brasileiros, anunciado pelo governo federal em 27 de maio de 2022, poderemos entrar num quadro de inanição institucional, comprometendo atividades essenciais como ensino, pesquisa, extensão e, com a suspensão da assistência estudantil, expulsar da Instituição milhares de discentes, razão de ser do trabalho docente", diz trecho da nota. Leia na íntegra aqui
Mobilização Nacional
A atividade na Ufam em Parintins antecede à mobilização nacional que está sendo organizada para 9 de junho. Um grande ato nacional está sendo convocado pela União Nacional dos Estudantes (UNE), com participação do ANDES-SN e outras entidades, que somarão forças para protestar contra mais um bloqueio do governo Bolsonaro ao orçamento da Educação Pública.
A manifestação também irá se posicionar contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 206/19, que prevê a cobrança de mensalidade nas universidades públicas. Apesar de ter saído de pauta no Congresso, a proposta ainda é uma ameaça.
“Nós não podemos ficar de braços atados, é preciso organizar essa frente de resistência. A universidade pública precisa ser defendida. É um patrimônio não somente da comunidade acadêmica, mas um patrimônio de toda a sociedade. Nós não podemos nos negar a essa defesa do estado de direito, que precisa primar pelos direitos fundamentais da educação pública”, enfatiza Valmiene.
A representante discente no Colegiado de Serviço Social do ICSEZ informou que os e as estudantes irão participar das manifestações contra o bloqueio de verbas. “Vamos utilizar toda a organização estudantil para que possamos resistir. A educação precisa ser pública e socialmente referenciada”.
Foto: Icsez/Ufam
Fonte: ADUA
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