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Conselho de Serviço Social lança cartilha criticando Ensino à Distância



O Conselho Federal de Serviço Social (CFESS), em conjunto com os conselhos regionais (CRESS), lançou na última quinta-feira (18) o volume dois da cartilha “Sobre a Incompatibilidade Entre Graduação à Distância e Serviço Social”. O lançamento ocorreu durante o 43º Encontro Nacional do CFESS-CRESS, que acontece em Brasília (DF) de 18 a 21 de setembro. O ANDES-SN foi convidado pelo CFESS e participou do lançamento da publicação.

A cartilha, cujo primeiro volume foi divulgado em 2010 e criou polêmica por conta da posição crítica em relação ao Ensino à Distância (EAD), é baseada em uma ampla pesquisa sobre o ensino de serviço social realizada pelo CFESS e pelos CRESS – estes últimos responsáveis pela fiscalização do exercício profissional da categoria. Entre os dados expostos, o segundo volume dá destaque à precarização do estágio supervisionado em cursos EAD de serviço social.

Juliana Melim, do CFESS, iniciou a apresentação da cartilha afirmando que a recente expansão do ensino superior é mercantilizadora, privatista e excludente porque segregam os estudantes mais pobres à educação privada de baixa qualidade, muitas vezes à distância. Juliana apontou que a formação profissional tem que ser crítica. Sobre a pesquisa realizada para a confecção da cartilha, ela ressaltou que os resultados demonstram um grande descompromisso do governo com a educação superior.

A representante do CFESS rememorou a campanha Educação Não É Fast Food, também bastante polêmica, que foi encampada pelos assistentes sociais após o lançamento do primeiro volume da cartilha. Concluiu dizendo que a luta do CFESS não é contra os estudantes do EAD, e sim contra a forma de ensino precarizada que lhes é oferecida. “O EAD é a expressão máxima da precarização e da mercantilização da educação”, afirmou Juliana Melim.

Já a responsável pela elaboração do texto e pela sistematização dos dados da cartilha, Larissa Dahmer, professora de serviço social da Universidade Federal Fluminense (UFF), apresentou o cenário do EAD, com foco nos cursos de serviço social. Larissa afirmou que o EAD é hoje um foco de exploração do ensino como mercadoria, e que, não à toa, as duas maiores universidades privadas do país são as que oferecem mais vagas de serviço social à distância.

“O EAD quer reconfigurar o perfil profissional dos assistentes sociais. Querem que esse perfil seja de um trabalhador individualizado e destituído de qualquer vivência ou sociabilidade acadêmica”, ressaltou a docente da UFF. Essa conclusão é baseada na pesquisa realizada para a cartilha. Os CRESS detectaram inúmeras irregularidades nos cursos EAD de serviço social, principalmente em relação ao processo de supervisão dos estudantes em estágio. Um exemplo de irregularidade é a substituição dos créditos de estágio por atividades complementares, como palestras, o que retira ainda mais desses estudantes a vivência necessária para seu aprendizado.

“O nosso balanço é que o perfil desses estudantes será de um profissional voltado às políticas sociais minimalistas e focalista, que contradiz o trabalho voltado à conquista e reafirmação dos direitos sociais”, disse Larissa Dahmer. Ela concluiu afirmando que o último censo da educação superior, divulgado esse mês, mostra que, pela primeira vez, o número de assistentes sociais formandos por EAD supera o dos cursos presenciais – algo que deve ser debatido pela categoria, segundo ela.

Em seguida falou Marta Maria Azevedo Queiroz, 2ª vice-presidente da Regional Nordeste I do ANDES-SN. Ela reafirmou a importância da luta conjunta de docentes e assistentes sociais em defesa da educação pública de qualidade. Apontou que o ensino presencial oferece aos estudantes também um caráter formador e crítico, além de possibilitar a interação entre ensino, pesquisa e extensão, e que, por isso, deve ser defendido.

Marta ressaltou a importância das ferramentas tecnológicas para a educação, mas disse que elas não podem ser a base das políticas educacionais, e sim instrumentos para melhorá-la. Por fim, a representante do ANDES-SN saudou o encontro do CFESS-CRESS, relembrando a parceria com a categoria na construção do Encontro Nacional de Educação (ENE), e elogiando a produção da cartilha. Antes do final do lançamento da cartilha, falaram também Telma Gurgel, da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS) e Renata Oliveira, da Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social (ENESSO).

Fonte: ANDES-SN



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