Discursos em defesa da vida, da educação e pelo Fora Bolsonaro marcaram a abertura do Congresso
Fotos e Textos: Sue Anne Cursino
Foi retomado presencialmente, após dois anos suspenso em decorrência das condições impostas pela pandemia da covid-19, o Congresso do Sindicato Nacional dos e das Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN). A 40º edição foi realizada em Porto Alegre (RS), de 27 de março a 1 de abril deste ano.
Com o tema “A vida acima dos lucros: ANDES-SN 40 anos de luta!”, o encontro foi organizado pela Associação das e dos Docentes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (ADUFRGS), a universidade é uma das mais de 20 Instituições Federais de Ensino (Ifes) a estar sob o comando de um reitor interventor.
“Nosso propósito era sermos o palco, por uns dias, do debate sobre as lutas atuais e vindouras do ANDES-SN e com isso reforçarmos nossa disposição para a resistência à intervenção na UFRGS com a ilegítima indicação de um professor não escolhido pela comunidade. Estes cinco dias de debates foram um bálsamo de energia para a nossa luta que agora continua com mais disposição”, afirmou a vice-presidente da ADUFRGS e integrante da Comissão Organizadora Local do Congresso, professora Cristina Carvalho.
Durante seis dias de atividades, o encontro reuniu professoras e professores de universidades federais, estaduais, institutos federais e Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefets), totalizando 86 seções sindicais, 430 delegadas e delegados, 108 observadoras e observadores, 17 convidadas e convidados, 34 diretoras e diretores.
A ADUA foi representada pelas professoras Karime Bentes (ICE), Elciclei Faria (Faced) e Rosário do Carmo (ICE), como delegadas, e pelos professores Marcelo Seráfico (IFCHS), José Alcimar de Oliveira (IFCHS), Lucas Milhomens (ICSEZ), Jacob Paiva (Faced) e Douglas Ferreira de Paula (IEAA), como delegados. O docente André Bordinhon (IEAA) esteve como observador. A presidente da ADUA, professora Ana Lúcia Gomes, participou como diretora da Regional Norte 1.
“E s t a m o s aqui para lutar pelas pautas em defesa dos direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras do país. Estamos aqui em defesa da vida e dos nossos direitos”, enfatizou a 2ª tesoureira da ADUA, Elciclei Faria.
A programação dos cinco dias de atividades contou com 23 grupos mistos para debate sobre os Textos de Resoluções (TRs), cinco plenárias, um ato público em defesa das liberdades democráticas e dos serviços públicos, exposições, lançamento de livro e do número 69 da revista Universidade e Sociedade (U&S), do Sindicato Nacional.
O Congresso do ANDES-SN objetiva construir o Plano de Lutas a partir do debate com suas seções sindicais. “Voltamos com toda força da história que marca a vida, a trajetória desse sindicato. Aqui discutindo questões fundamentais, não apenas da categoria docente da educação pública superior, mas de toda a sociedade brasileira”, afirmou o 2º vice-presidente da ADUA, José Alcimar de Oliveira.
“Neste contexto, neste território e neste caloroso reencontro presencial de companheiros e companheiras que constroem o ANDES-SN pudemos debater e deliberar, em nossas plenárias, parte dos temas previstos. O debate de conjuntura e movimento docente trouxe elementos para qualificar a análise dos desafios e enfrentamentos necessários para derrubar Bolsonaro, centralidade de nossa luta, como posicionado por todas as 40 falas”, afirma trecho da Carta de Porto Alegre, documento com as resoluções do Congresso.
O docente Jacob Paiva declarou que o Congresso sinaliza a determinação e a coragem da luta de um sind i c a t o m u i t o i m p o r tante para a organização da categoria dos e das docentes e da classe trabalhadora do Brasil. “Nesse processo de transição, saindo da pandemia para uma situação de maior normalidade, nós, pessoas do Brasil todo, resolvemos estar aqui e dar conta de uma pauta densa, numa conjuntura extremamente complexa, com todas as posições políticas presentes no sindicato. Isso demonstra o vigor do nosso sindicato. E a gente está aqui muito feliz por poder voltar ao Congresso presencial, fazer o debate corpo a corpo e sair daqui com as melhores decisões para que a categoria siga armada para lutar e derrotar o governo”, avaliou.
Mesa de abertura
Representantes da Diretoria do Sindicato Nacional, das seções sindicais e de entidades que atuam em defesa da educação e da classe trabalhadora, estudantis, indígenas e de movimentos sociais compuseram a mesa de abertura do Congresso, no Auditório Araújo Viana.
Para o presidente em exercício do ANDES-SN, Milton Pinheiro, é fundamental a presença das seções no Congresso com a contribuição direta nos debates e resoluções na busca da melhoria das ações do sindicato. “O ANDES é um sindicato que opera a sua democracia interna a partir das seções sindicais. Não existe uma direção nacional diferentemente da forma de se organizar e outras direções que são as seções, não. As seções são as representações da democracia interna e são elas que operam a política do ANDES na defesa da educação, contra os cortes do orçamento, pelo fora Bolsonaro e toda a agenda de lutas”.
“A gente fala e se organiza para dar resposta aos problemas que ocorrem na sociedade, então defender a educação pública, gratuita, de qualidade é um ponto que interessa a sociedade. Defender orçamento adequado para as universidades, para Ciência e Tecnologia, concursos, é algo que interessa a sociedade. Defender que o SUS tenha recursos suficientes para fazer a sua política ampla de atendimento à saúde, é algo que interessa a sociedade. Desenvolvermos algo no sentido que a Ciência e Tecnologia ganhe novas bases é algo que interessa a sociedade. Então são questões que se congregam num conjunto de ações, de propostas, de interesses do sindicato, mas que dizem respeito a luta geral da classe trabalhadora e da sociedade como um todo”, disse o docente.
Em licença maternidade, a presidente do Sindicato Nacional, Rivânia Moura, participou da abertura do Congresso como convidada. A docente fez um discurso emocionado, destacando
do os avanços do sindicato nas discussões sobre temas como a luta antirracista, antimachista, antilgbtfóbica, além de relembrar o protagonismo dos e das docentes na Jornada de Lutas contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 32/2020 (Reforma Administrativa), em Brasília (DF); na luta dos povos indígenas, na Campanha Nacional em Defesa da Educação Pública contra as intervenções e os cortes no orçamento. “Espaços como esses são importantes para a luta cotidiana”, defendeu.
Representando o Coletivo dos Estudantes Indígenas da UFRGS, Woia Paté Xokleng, integrou a mesa de abertura e destacou a luta em defesa das e dos discentes indígenas. “Aqui em Porto Alegre são 250 anos de invasão e genocídio do povo indígena. Estamos lutando também para acessar e permanecer na universidade. Essa é uma demanda antiga. São mais de 15 anos lutando para ter a casa do estudante indígena, porque não basta garantir a entrada de estudantes indígenas nas universidades, também é preciso garantir a sua permanência”, disse.
Defender a vida
A plenária sobre Conjuntura e Movimento Docente, ocorrida no primeiro dia de Congresso (27), abriu o debate do Caderno de Textos. Entre outros temas debatidos estiveram a importância da luta contra a Reforma Administrativa, que ataca o serviço público; as guerras pelo mundo, incluindo a da Ucrânia; a pandemia; o aprofundamento das crises social e financeira; a resistência de mulheres, negras, negros, indígenas, quilombolas, ribeirinhas, ribeirinhos e população LGBTQIA+. Também fizeram parte das discussões sobre a conjuntura atual: a defesa da educação, o reajuste salarial do funcionalismo público e as Eleições 2022.
Os autores e as autoras defenderam os textos e, em seguida, respeitando a paridade de gênero, foi aberta a palavra para professoras e professores debaterem sobre os temas e apresentarem suas posições, as quais orientaram as discussões nos Grupos de Trabalhos (GTs) e deliberações nas plenárias. Muitas das falas destacaram o Fora Bolsonaro como essencial para a retomada da esperança da população brasileira, a qual tem sofrido com o aumento do desemprego, carestia e fome.
“Nós professores da Ufam, sindicalizados à ADUA, estamos aqui no 40º Congresso do ANDES para fortalecer a luta em defesa das universidades públicas e da vida, dos direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras, e, principalmente, pelo fora Bolsonaro e contra o desmonte das universidades e toda a retirada de direitos das trabalhadoras e dos trabalhadores”, pontuou a docente Rosária do Carmo.
A saída de Bolsonaro da presidência foi apontada como estratégia para que a categoria do funcionalismo público realize negociações a fim de alcançar vitória pelo reajuste salarial e pela derrubada da Reforma Administrativa.
Foram mais de cinco horas de compartilhamento de diferentes posicionamentos, mas que de forma geral comungaram pela defesa da educação, da saúde e da vida de brasileiras e brasileiros.
O docente André Bordinhon avalia que é necessário um fortalecimento de um debate político sobre as trabalhadoras e os trabalhadores do país, incluindo a classe docente, de modo que se possa olhar, de forma crítica, para as demandas que tem traços corporativistas ou perspectivas sectaristas sobre as questões docentes na universidade.
“A minha avaliação crítica sobre o evento é que o debate foi muito intenso e longo sobre questões que não são centrais na luta dos trabalhadores. Acho que isso vem de uma necessidade que a gente tem de ampliar um entendimento da classe docente, como parte da classe trabalhadora e que essa classe esteja mais conectada com as demandas populares, mais próxima da realidade dos trabalhadores do Brasil”, pontuou.
Além das pautas das Servidoras Públicas e dos Servidores Públicos Federais (SPFs) sobre melhores condições de trabalho, retorno presencial seguro, reajuste salarial e intervenções nas universidades, os e as participantes também se posicionaram a favor da luta em defesa das mulheres, do povo negro, dos povos indígenas, das pessoas LGPTQIAP+ e pela liberdade democrática.
Grupos Mistos
No período da manhã, tarde e noite do terceiro dia do Congresso (29), a delegação da ADUA e demais congressistas participaram dos debates nos Grupos Mistos. A atividade foi realizada no campus central da UFRGS, que simboliza a luta da comunidade universitária contra a ditadura militar. Nele foi instalada, durante o Congresso, a exposição sobre os 50 anos de expurgos da UFRGS. No hall do Prédio Branco, do campus, também foram expostos banners sobre os 40 anos de história do ANDES-SN, exposição também disponível virtualmente.
Em sua segunda participação no Congresso, a docente Karime Bentes afirmou que a experiência é valorosa. “Ouvir outras experiências, saber que nossas instituições co - i rmã s p a s s a m p e l o s mesmos problemas, nos dá força na luta e abre a mente em busca de soluções em conjunto. Estive na minha primeira participação como observadora e agora como delegada. Essa foi uma responsabilidade grande e que me trouxe o exercício de ouvir os colegas da delegação da Ufam e novamente estudar os textos para poder debater nos grupos anteriores às plenárias”.
Vinte e três grupos Mistos debateram temas dos Cadernos de Textos
O Tema II - Planos de Lutas dos Setores reúne textos sobre aposentadorias, retorno presencial e reforma do Ensino Médio, intervenções nas Ifes e Plano de Lutas dos Setores das Instituições Estaduais e Municipais (Iees/Imes) e Ifes. Sobre o Tema III – Plano Geral de Luta, foram debatidos os TRs que versam sobre política de formação sindical, política educacional, política de classe para as questões étnico-raciais, de gênero e diversidade sexual, política de comunicação e arte, política agrária, urbana e ambiental, política de ciência e tecnologia, política de seguridade social e assuntos de aposentadoria, história e memória do movimento docente, internacional e comissão da verdade do ANDES-SN e Centro de Documentação (Cedoc).
O docente Marcelo Seráfico comenta sobre os grupos que discutiram os aspectos dos Planos de Lutas do ANDES-SN. “Foi um momento importante para definir prioridades sobre como nos organizar e de que maneira apoiar outras iniciativas de lutas no plano nacional que dizem respeito ao processo de democratização tanto do próprio sindicato quanto da sociedade brasileira. É uma alegria poder participar desse debate, particularmente quando ele se dá de uma maneira extremamente rica, disciplinada e fraternal, a despeito das muitas polêmicas e dos conflitos que evidentemente existem”.
Na manhã do dia 30 foram debatidos os textos do Tema IV- Questões Organizativas e Financeiras do Sindicato Nacional, que tratam de assuntos como Eleição no Sindicato Nacional, fundos de solidariedade, mobilização e greve, homologações de seções sindicais, reorganização de seção sindical, manutenção do apoio a entidades, sede do próximo encontro, método dos Congressos e dos Conads, refiliações, dentre outros.
Setor das Iees/Imes
No terceiro dia de encontro foi instalada a plenária sobre o Tema II – Planos de Lutas dos Setores, dividida em dois blocos, sendo abordados primeiro os temas relacionados ao Plano de Lutas do Setor Iees/Imes. Além da atualização da Agenda de Lutas do Setor, os e as docentes deliberaram a aprovação das resoluções sobre o retorno às atividades presenciais com segurança sanitária, a luta contra as propostas sobre ensino remoto e híbrido e a realização de um debate sobre a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e a formação de docentes.
A plenária aprovou ainda a realização de 19 a 21 de agosto deste ano, em Londrina (PR), do 18º Encontro Nacional do Setor das Iees/Imes. Também ficou definida a construção da Campanha Nacional em Defesa das Iees/Imes, prevista para ser lançada em 23 de maio.
Delegação do sindicato dos e das docentes do Sind-UEA
O encontro irá debater temas como orçamento público estatal, recomposição salarial, melhores condições de trabalho, política de congelamento de progressões, promoções e gratificações, e a privatização da educação pública.
Do Amazonas, o Sindicato das e dos Docentes da Universidade do Estado do Amazonas (Sind-UEA) também esteve no Congresso, sendo representado pelas delegadas Mônica Xavier, Rita Machado e Ceane Simões.
“É importante participar desses eventos que nos colocam a par dessas discussões nacionais. O encontro permite também a troca de contato com os outros sindicatos que são estaduais. E, no final, percebemos que todos sofrem mais ou menos os mesmos ataques, então, é perceber estratégias e fazer solidariedade e unidade da classe”, disse a docente do Centro de Estudos Superiores de Parintins (Cesp/UEA) e secretária do Sind-UEA, Mônica Xavier.
Setor das Ifes
Em continuidade às deliberações da Plenária sobre o Tema II, os períodos da manhã e da tarde do dia 30 de março foram dedicados à continuidade do debate sobre o Plano de Lutas do Setor das Ifes, o qual teve início na tarde do dia anterior.
Em defesa dos serviços públicos e da vida, foi definida ainda a intensificação da luta contra a política genocida e neoliberal instalada no Brasil, a qual tem aumentado os ataques à classe trabalhadora.
O docente Lucas Milhomens ressaltou que são muitos os desafios a serem enfrentados pela categoria, mas que o Congresso já tem resultados positivos, como a construção de uma unidade de luta. “É quase unânime o ‘Fora Bolsonaro’, o grande inimigo da educação pública, seja Superior, dos Ensinos Médio ou Fundamental, é o gover no Bolsonaro. Essa foi uma das principais deliberações do Congresso: que nós precisamos imediatamente tirar esse governo nas ruas e nas urnas e para isso é necessária uma grande mobilização do Brasil inteiro, de toda a classe trabalhadora”.
Nesse sentido, são mantidas a luta pela derrubada da PEC 32, pelas revogações da Emenda Constitucional (EC) 95/2016, do Teto dos Gastos, e das contrarreformas Trabalhistas e da Previdência. Também foi deliberada a continuidade da Campanha Salarial unificada pela reposição emergencial de 19,99% das e dos SPFs.
A presidente da ADUA, Ana Lucia Gomes, reafirmou o compromisso da Seção Sindical com a luta em defesa da recomposição salarial das e dos docentes e da educação pública, de qualidade e socialmente referenciada, a despeito das dificuldades impostas pela pandemia. “O ano em que o ANDES faz 40 anos, estamos em um Congresso que levanta também a questão da vida acima dos lucros. Nós precisamos discutir essas questões, num contexto tão complicado como foi esse da pandemia e que ainda continua. Estamos na luta, a delegação da ADUA em defesa da educação pública”, enfatiza.
Plenária do Tema IV
Abrindo as deliberações da plenária do Tema IV, na tarde do dia 30, após aprovação de inversão de pauta, a primeira deliberação foi a mudança estatutária em relação a novos prazos para a realização da eleição do Sindicato Nacional. Foi definida a prorrogação do mandato da atual diretoria até o dia da posse da nova diretoria eleita e novo prazo para eleição, prevista para ocorrer em maio de 2023.
Foi aprovada ainda a manutenção do apoio financeiro mensal para a Escola Nacional Florestan Fernandes, para a Auditoria Cidadã da Dívida, para o Casarão da Luta e ao sistema de formação política do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Ampla maioria das delegadas e dos delegados votaram também pela proposta original do Fundo Nacional de Solidariedade, para apoiar e garantir o custeio das atividades de mobilização, campanhas, marchas e eventos definidos pelo 40º Congresso, bem como auxílio às seções sindicais do Setor das Iees/Imes em dificuldades financeiras pela greve de 2022.
A refiliação do Sindicato Nacional ao Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) foi aprovada com o estabelecimento de critérios explícitos para pagamento das contribuições financeiras e de prestações de serviços, cuja apresentação deverá ser feita no próximo Conselho do ANDES-SN (Conad), a ser realizado de 15 a 17 de julho deste ano.
Plano de Lutas Gerais
No último dia de plenária do Congresso foram definidas ações norteadoras do Plano de Lutas Gerais do Sindicato Nacional para 2022. O docente Douglas de Paula destacou que a educação e os d i r e i to s dos trabalhadores e das t r a b a lhadoras têm sofrido inúmeros ataques e vivido condições que pioraram na pandemia, por isso, segundo ele, a importância dos professores e das professoras participarem do Congresso e estarem preparados para a luta.
“O Congresso nos dá força, nos alimenta, para poder ter a política, ter as discussões amadurecidas, e fazer o que precisa ser feito: as lutas em defesa da própria universidade, da educação. Um conjunto de pautas que são fundamentais. E essa discussão é importante para esse semestre e o próximo que virá, um momento de bastante luta para o movimento sindical, para o movimento docente e para a defesa dos direitos dos trabalhadores”.
Quanto aos textos do GT de Comunicação e Artes (GTCA), foi ressaltada a importância da comunicação e da arte como estratégias essenciais na luta sindical, aprovando-se a realização do Seminário Nacional Comunicação Sindical e Mídias Digitais, previsto para ocorrer esse ano, no formato remoto; o I Festival de Arte e Cultura do ANDES-SN, no segundo semestre de 2022; o VII Encontro de Comunicação e Arte, presencial, no próximo ano; da atualização do Plano de Comunicação e de Arte do sindicato; da incorporação de expressões artísticas culturais nas ações políticas das seções sindicais e da organização de um banco de referências artísticas.
No GT de Ciência e Tecnologia (GTCT) foi definida a manutenção da defesa das bolsas no âmbito da Ciência, Tecnologia e Humanidades; e das ciências e das instituições científicas; o fortalecimento de um sistema público de tecnologia e informação que garanta acesso às IES; a intensificação da luta contra o avanço da privatização das instituições públicas e o compromisso de acompanhamento e planejamento de ações sobre diversas propostas e legislações como a Lei de Inovação (10.973/2004); a Lei 13.243/2016 e o Decreto 9.283/2018 sobre o Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação.
Formação Sindical
No GT de Política e Formação Sindical (GTPFS) foram discutidas as possibilidades de filiação a uma entidade internacional de organização de trabalhadores e trabalhadoras da educação, a ser apreciada no 41º Congresso.
Foi aprovada a construção do II Seminário Internacional com o tema “Educação Superior na América Latina e Caribe e Organização do(a)s Trabalhadore(a)s”, e o Seminário “Multicampi e Fronteira”, a ser realizado no segundo semestre de 2022, em Foz do Iguaçu (PR).
Quanto à permanência de filiação do ANDES-SN à CSP-Conlutas, o tema foi longamente debatido, com manifestações favoráveis e contrárias. A decisão foi pela manutenção da filiação, mas o tema foi remetido para discussão em assembleias nas seções sindicais debate no próximo Conad e nova discussão no 41º Congresso do ANDES-SN.
Devido ao tempo, os textos de resoluções que não foram à plenária foram remetidos ao próximo Conad.
Estes foram temas que geraram discussões intensas, mas de avanço para as deliberações da política de formação sindical.
Enfrentamento
No dia 31 de março, foi realizado um ato contra o machismo não apenas na sociedade, mas, também dentro do sindicato, em resposta ao caso de assédio ocorrido no Congresso.
Com faixa, cartazes e entoando palavras de ordem como “machistas não passarão” e “a América Latina vai ser toda feminista”, observadoras e delegadas se manifestaram no auditório para se opor e denunciar as situações de violência.
Foram 20 denúncias relatadas à Comissão de Enfrentamento ao Assédio, referente a uma situação de assédio e violência de gênero contra uma docente, mas que repercutiu às demais congressistas.
Cultura de resistência
A dança, o canto e a poesia da cultura porto-alegrense revigoraram as forças dos e das congressistas em alguns momentos do evento. Ao som do samba, cavaquinho e conga, a professora de teatro e artista, Pâmela Amaro, entoou resistência contra o machismo naturalizado e defendeu a educação como meio de luta transformadora.
Na Batalhas de Versos, Natália Pagot e Janove, integrantes do coletivo Poetas Vivos, declamaram poesias sobre experiências de racismo na comunidade universitária e reforçaram a mensagem de que é necessário entusiasmo e coragem na continuidade da defesa da educação.
Já o Grupo Comparsa Tambor Tambora, trouxe o candombe ao palco, herança da cultura negra, ritmada por atabaques.
Artista Pamela Amaro canta em defesa da educação
Moções e Carta
Na última noite de plenária do Congresso, os e as participantes aprovaram as moções apresentadas. Os textos das proposições contemplam temas como cobrança de justiça e resposta sobre os mandantes do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes; apoio à greve dos e das profissionais de Educação de Dourados (MS) e de Minas Gerais; solidariedade às trabalhadoras e aos trabalhadores que enfrentaram a covid-19 e seus efeitos; repúdio aos governos dos estados que se recusam a negociar com as e os docentes; apoio à luta dos e das estudantes indígenas; contra os ataques à autonomia na Universidade Estadual de Feira de Santana (BA), e contra o assédio à comunidade acadêmica praticado pelo reitor interventor da Universidade Federal do Ceará (UFC).
A Carta de Porto Alegre foi lida como uma homenagem em memória a Marcos Goulart de Souza, funcionário do Sindicato Nacional, que faleceu de covid-19, e todas e todos as e os docentes que tiveram suas vidas perdidas nos últimos dois anos, devido à pandemia e à negligência do governo Bolsonaro diante da crise sanitária.
“Reassumimos nosso compromisso histórico de seguir lutando pelos interesses imediatos e históricos da classe trabalhadora, o que significa também a luta contínua pelas condições de trabalho e de vida nas nossas Universidades, Institutos Federais e Cefets”, afirma trecho da carta.
Ato Público
Em conjunto com Integrantes da Frente das e dos SPFs do Rio Grande do Sul, do Fórum pelos Direitos e Liberdades Democráticas e organizações estudantis, os e as congressistas do ANDES-SN finalizaram as atividades do encontro com a realização do ato “Pelas Liberdades Democráticas e em Defesa do Serviço Público”, no dia 1º de abril. A caminhada teve participação de mais de 2 mil pessoas, que se deslocaram da frente do Instituto de Educação, localizado próximo ao campus central da UFRGS em direção à sede do Poder Executivo estadual.
“Estamos aqui trazendo a luta para a rua, de onde nunca devia ter saído, para gente mobilizar a população, conscientizar, chamar todo o mundo para o ‘Fora Bolsonaro’, em defesa dos serviços públicos, da universidade pública e de condições dignas de vida. A vida acima do lucro!”, disse Jacob Paiva.
Nas faixas, cartazes e falas públicas, a mensagem ecoada destacava a unidade de classe em defesa dos serviços públicos e dos direitos da classe trabalhadora. A manifestação fortalece as bandeiras de luta das e dos SPFs pelo reajuste salarial, contra a Reforma Administrativa e pela revogação do Teto dos Gastos Públicos. Foi um momento em defesa das liberdades democráticas e repúdio à ditadura empresarial-militar.
“É tempo de organizar a esperança”, foi a mensagem compartilhada pela ADUA no 40º do ANDES-SN
Unidade de Luta pede a derrubada do governo Bolsonaro
Caminhada em defesa das liberdades democráticas encerra Congresso
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