Na mesma semana da chacina que matou 25 pessoas na Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, com participação da Polícia Federal Rodoviária (PRF), veio a público um vídeo em que agentes da PRF aparecem transformando uma viatura em câmara de gás, em Umbaúba (SE), na quarta-feira (25). A vítima, Genivaldo de Jesus Santos, 38 anos, mais um homem negro e pobre, acabou morto por asfixia, após ser agredido e preso no porta-malas do carro pelo policiais, que o sufocaram com spray de pimenta e gás lacrimogêneo. Segundo a família de Genilvado, ele tinha esquizofrenia. Após repercussão do caso, manifestações pedindo justiça acontecem em diversas partes do país.
Para o portal The Intercept, o boletim de ocorrência registrado pelos policiais parece tratar de um caso diferente do registrado no vídeo que circula na internet, cujas imagens mostram que não houve resistência. No documento, é informado que a abordagem ocorreu porque Genilvado pilotava uma motocicleta sem capacete, mesmo atitude praticada pelo presidente da República, neste ano.
"Dois dias dia antes, uma operação policial matou 22 pessoas na Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, zona norte do Rio; hoje temos essa execução de uma pessoa com esquizodrenia. Isso só confirma que as armas da polícia e do Estado estão apontadas pra nós, negros e negras e povo pobre. É urgente fazer justiça, são verdadeiras execuções à luz do dia", comentou o integrante da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas e do do Quilombo Raça e Classe, Julio Condaque.
Manifestações
Com críticas à PRF e para denunciar a violência contra pessoas negras, diversas ilustrações foram compartilhadas nas redes sociais. O coletivo Projetemos cobrou Justiça por Genivaldo com projeções em prédios, em São Paulo. Em Umbaúba (SE), houve protestos na rodovia BR-101, com pneus queimados e fechamento das pistas, em repúdio a ação policial truculenta. Na manhã de sexta-feira, membros de movimentos sociais realizaram o ato “Amanhecer por Genivaldo”, em frente à sede da PRF em Aracaju (SE), e cobraram justiça.
O ANDES-SN publicou nota de repúdio à ação de tortura realizada pelos agentes da PRF em Sergipe.
Violência Policial
Segundo reportagem do G1, um levantamento realizado pelo Monitor da Violência - que faz parceria com o Núcleo de Estudos da Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública - aponta que mais de 6 mil pessoas foram mortas por policiais civis e militares no Brasil em 2021, o equivalente a uma média de 17 mortes por dia.
Sobre o assassinato de Genivaldo, o Ministério Público Federal (MPF) informou que, na quinta (26), abriu procedimento para acompanhar as investigações sobre o caso. Já a Polícia Federal informou que instaurou um inquérito policial para investigar as circunstâncias do caso e, em nota, alegou que “foram empregados técnicas de imobilização e instrumentos de menor potencial ofensivo para sua contenção”.
Com quantos "Genilvados" se faz uma Auschwitz brasileira?
Basta!
Foto: Projetemos
Fontes: ADUA com informações da CSP-Conlutas, G1, Esquerda Online, Poder 260, The Intercept
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