Um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE) divulgado nesta terça-feira (9) mostra que o governo brasileiro gastou em educação 19% do total do seu gasto público em 2011, ano em que os dados foram compilados para este estudo, ficando acima da média dos países desenvolvidos (13%) e atingindo 6,1% do Produto Interno Bruto (PIB). No entanto, o valor gasto com dinheiro público por aluno foi de US$ 2.985, o que representa um terço da média dos 34 países integrantes OCDE, que é de US$ 8.952. É o segundo valor mais baixo entre todos os países da organização.
A OCDE é uma organização internacional composta por países que procura fornecer uma plataforma para comparar políticas económicas, solucionar problemas comuns e coordenar políticas domésticas e internacionais. Além dos 34 países membros, o relatório considera dados de outros dez países parceiros, entre eles o Brasil.
Segundo o relatório, o Brasil só tem um gasto por aluno maior do que a Indonésia, e fica abaixo de países como Turquia, México, Hungria, Eslováquia, Chile, Israel, Portugal e Coreia do Sul, entre os que também estão abaixo da média da OCDE. O país com maior investimento por aluno é os Estados Unidos, acima de US$ 15 mil, seguido por Áustria, Holanda, e Bélgica.
O ministro da Educação, Henrique Paim, afirmou: “Nós temos demonstrado isso frequentemente, que o valor por aluno no Brasil é um terço da média da OCDE. O que a OCDE registra em seu relatório é que o esforço do Brasil é significativo no sentido de ampliar o investimento. Mas há uma diferença, sim, entre o Brasil e os outros países”.
Francisco Soares, presidente do Inep, disse: “Quando a gente olha: onde gastamos o dinheiro? A gente gastava no ensino superior, e agora a relação mudou. Antes, em 2000, era 11 vezes o gasto na educação básica, e agora, é 3,7 [em 2011]. Estamos começando um novo tempo. Nós gastamos menos que a Áustria, mas nós não somos a Áustria”.
O relatório “Olhar sobre a educação” aponta ainda que as taxas de matrícula no Brasil estão crescendo fortemente nos últimos anos. Entre 2005 e 2012, a taxa de matrícula de crianças de 4 anos cresceu de 37% para 61% e a das de 5 anos de 63% para 83%. Ainda assim está abaixo da média dos países desenvolvidos, que é de 84% para 4 anos, e 94% para 5 anos.
Entre os jovens, no entanto, as taxas de matrícula no Brasil ainda estão baixas, de acordo com o relatório. Em 2012, o estudo aponta 78% dos jovens de 15 a 19 anos na escola, e 22% entre 20 e 29 anos.
Ainda de acordo com o relatório, as instituições públicas gastam quatro vezes mais por aluno do ensino superior do que do ensino fundamental. Esta é a maior diferença entre todos os países que têm dados disponíveis.
A OCDE aponta ainda que o percentual de jovens e adultos que não estudam nem trabalha se manteve constante de 2005 a 2012, na faixa de 20% independentemente do nível educação. A média da OCDE é de 15%.
O Brasil é um dos poucos países em que a taxa de desemprego é maior entre aqueles que têm menor escolarização. A taxa de desemprego para adultos com educação abaixo do nível médio, em 2012, foi de 4,1%, enquanto para aqueles com nível médio ela foi de 5,1%. Adultos com diploma de nível superior, no entanto, continuam a apresentar a mais baixa taxa de desemprego, de 2,9%.
O estudo aponta ainda que os professores do Brasil são em média mais jovens que na maioria dos países da OCDE. Segundo o levantamento, 17% dos professores dos anos finais do ensino fundamental (6º a 9º ano) e do ensino médio tinham menos de 30 anos. A média da OCDE é de 10%. Além disso, a média no Brasil é de 18 alunos por professor, e na OCDE é de 13 estudantes por docente.
Foto: G1
Fonte: G1 |